Governos têm de congregar esforços para combater obesidade infantil
Governos de vários países têm de congregar esforços, trocar experiências e encontrar soluções para a “autêntica ameaça” da obesidade infantil, defendeu o secretário de Estado da Saúde, lembrando que um terço das crianças portuguesas sofre de excesso de peso.
Portugal é o coorganizador de um encontro sobre obesidade Infantil que decorre hoje, em Nova Iorque, à margem da 73.ª Assembleia Geral das Nações Unidas.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde afirmou que a obesidade infantil é “um problema epidémico de saúde pública em todo o mundo, inclusive também em Portugal”, onde uma em cada três crianças tem excesso de peso ou é obesa.
Para combater esta epidemia, Fernando Araújo defendeu que é preciso “congregar esforços e encontrar as medidas mais adequadas”, lembrando que “as crianças obesas tendem a ser adultos obesos no futuro”.
“O impacto em termos da diabetes, das doenças cardiovasculares e outras é extremamente impactante, portanto os governos têm que naturalmente juntar meios e forças, trocar experiências e encontrar boas soluções para combater esta autêntica ameaça que temos em termos de uma geração”, sustentou.
Fernando Araújo recordou o conjunto de medidas adotadas por Portugal para lutar contra este problema, destacando duas que considerou “emblemáticas”: a estratégia integrada de promoção de alimentação saudável e a tributação das bebidas açucaradas.
“No ano passado conseguimos, pela primeira vez, juntar os vários membros do governo, focados numa única visão, e agora temos, a partir dessa, tomado medidas que de alguma forma vão ao encontro dessa estratégia”, salientou.
Sobre a tributação das medidas açucaradas, efetuada em 2017, disse que tem tido “resultados extremamente positivos”, registando-se uma redução do hábito de ingestão destas bebidas de cerca de 7%.
Houve também uma redução do seu valor calórico em cerca de 11% e a redução do próprio açúcar em cerca de 15%, realçou, afirmando que, com esta medida, “os jovens, nos quais estes refrigerantes são uma fonte calórica muito relevante, estão a consumir menos.
Destacou ainda o “apoio e a abertura” que a indústria teve neste âmbito, reformulado os seus refrigerantes, o que fez com que a população, e principalmente os jovens, consumam menos açúcar.
O governante adiantou que está agora a ser discutido com a indústria a redução do açúcar noutros produtos, como iogurtes e cereais, para obter “uma estratégia integrada, transversal, de redução do açúcar ingerido”.
“Estamos neste momento a tentar celebrar um acordo com a indústria e com a distribuição. É expectável que no próximo mês de outubro se possa concluir esta negociação”, disse, avançando que “o acordo é para três anos, com objetivos muito claros, ano a ano, que seja monitorizado e escrutinado do ponto de vista público”.
Fernando Araújo salientou que as expectativas sobre este acordo são “muito favoráveis”, estando convicto será “um acordo inédito na Europa”, que se traduz numa congregação de “esforços com a indústria, no sentido de reduzir o impacto de dietas menos saudáveis”.
Destacou ainda a importância da atividade física neste combate: “Temos dos índices mais baixos da Europa de atividade física dos nossos jovens e nós temos de conseguir mudar isso e, portanto, este esforço comum com o Ministério da Educação, com a questão de campanhas dirigidas aos jovens de forma a torná-los ativos, porque jovens ativos tornar-se-ão no futuro adultos também ativos, serão um fator muito relevante na promoção e na redução da obesidade infantil”.
Para Fernando Araújo, estas medidas também têm como objetivo reduzir as desigualdades no país. “Em geral, são os jovens de classes sociais mais baixas, com menos informação, com menos possibilidades económicas, que acabam por consumir dietas menos saudáveis e até praticar menos atividade física”.
Portanto, acrescentou, é preciso também “reduzir estas iniquidades em Portugal” e esse esforço “tem de ser feito em conjunto para termos um país mais coeso, mais justo e mais saudável”.