Mariana Vieira da Silva, que falava à comunicação social no final de uma reunião com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Santa Maria, na terça-feira, explicou que a situação que se vive nas urgências hospitalares em todo o país “decorre de se terem desmontado as estruturas e a organização que a Direção Executiva” do Serviço Nacional de Saúde estava a fazer. O PS quer ouvir os conselhos de administração hospitalar e realizou esta tarde a primeira de um conjunto de reuniões com as Unidades Locais de Saúde para avaliar os encerramentos nas urgências de ginecologia e obstetrícia
“Quando, no início deste mandato, o Governo procurou questionar as funções da Direção Executiva [do SNS], mudar de Direção Executiva e a sua forma de trabalhar, criou uma pressão adicional sobre o verão que é agora visível, com muito pouca transparência no funcionamento das urgências e muita instabilidade na resposta aos cidadãos”, salientou.
Mariana Vieira da Silva, acompanhada pelos deputados Elza Pais e André Rijo, denunciou que “é muito visível uma degradação das condições de resposta por o Governo do PSD ter começado por desmontar as soluções que estavam no terreno antes de ter soluções alternativas para apresentar”.
E asseverou que o Partido Socialista tem todo o direito de “acompanhar a forma como os problemas são resolvidos no terreno”.
A deputada do PS assinalou, em seguida, que, “depois de semanas de silêncio perante um caos significativo nas urgências, o Governo segue o exemplo do Partido Socialista e dirige-se a um hospital para também compreender os problemas”.
O Governo irá realizar uma visita ao Hospital Santa Maria na próxima quinta-feira e “é expectável que possa responder sobre os desafios que tem no terreno”. “Foram criadas expectativas de resolução de um problema – que sabemos que é complexo – em 60 dias, como se fosse fácil, e agora cabe ao Governo responder pelas expectativas que criou e que não cumpriu”, vincou a deputada.
Respondendo ao líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, a vice-presidente da bancada socialista voltou a frisar que a primeira coisa que o Governo fez “foi desmontar as reformas que tinham sido feitas e, por isso, não pode agora pedir consenso”.
E deixou uma certeza: “Há, na perspetiva do PSD, uma dimensão de investimento na relação com o setor privado e não de reforço no investimento do setor público que o Partido Socialista não acompanha”.
No entanto, Mariana Vieira da Silva assegurou que o Partido Socialista está sempre disponível para colaborar, tal como “o secretário-geral do PS tinha escrito logo no início desta legislatura ao Governo”.
PS sabe que o problema não está nos conselhos de administração dos hospitais
A deputada do PS esclareceu depois que “se há um problema nos recursos humanos, então não é com mais portas abertas ou com uma relação com o privado – que também tem carências na área dos recursos humanos – que se resolve o problema”.
A socialista apontou algumas soluções, como a dedicação plena e “mecanismos que permitam pagar mais aos profissionais para assim os poder fixar nos territórios”.
Mariana Vieira da Silva elogiou ainda o “esforço” do conselho de administração do Santa Maria e de todos os profissionais perante as dificuldades. “Ao contrário do Governo, o Partido Socialista não identifica nos conselhos de administração e na capacidade de resposta dos hospitais o problema. O problema é estrutural e implica um olhar para a gestão de recursos humanos que estava a ser feita pela Direção Executiva e foi descontinuada pelo Governo”, sustentou.