Falando no âmbito da interpelação do PS ao Governo Regional sobre transportes aéreos, na abertura dos trabalhos plenários do Parlamento dos Açores, na cidade da Horta, o também líder parlamentar dos socialistas salientou a ausência deste debate do presidente do executivo, José Manuel Bolieiro, considerando que esta “acentua e confirma a atitude displicente e de enfado com que foi tratado um assunto de importância fundamental para os Açores”.
Vasco Cordeiro lamentou que o Governo Regional tenha dado nota pública da conclusão das negociações com a Ryanair no final do mês de agosto, num processo “pouco transparente e sempre com informações escassas e retiradas a ferros”.
“Há um acordo, que envolve contrapartidas da Região, que este Governo Regional quis manter secreto e fora do conhecimento dos açorianos”, com valores que estão ainda por clarificar, denunciou, destacando que toda esta situação despoletou “uma óbvia alteração de condições de acessibilidades aéreas”, com um impacto de “dezenas de milhares de lugares disponíveis de e para a Região”.
O presidente do PS/Açores considerou que as empresas açorianas, sobretudo as ligadas ao turismo, precisam de uma “informação clara, precisa, atempada e concreta para o seu planeamento, sobretudo no período de inverno”, algo que o Governo da coligação não está a providenciar.
Vasco Cordeiro questionou, ainda, o Governo Regional acerca da salvaguarda de postos de trabalho direta ou indiretamente ligados à operação da Ryanair, sobretudo em Ponta Delgada e na ilha Terceira, sem obter resposta.
“O Governo Regional está distraído. Nós temos a privatização da TAP que está a correr. Nós temos a privatização da SATA que está a correr numa percentagem que, por opção política do Governo Regional, vai de 51% a 85%. Nós temos a redução significativa da operação da Ryanair. Qual é a reflexão que o Governo Regional faz em relação às acessibilidades dos Açores ao continente?”, questionou, sublinhando que a conjugação de todos estes fatores representa um retrocesso na mobilidade dos açorianos.
Cinco propostas socialistas
Vasco Cordeiro realçou, depois, que a falta de respostas do Governo Regional “deixou os empresários e as famílias açorianas com grandes incertezas”. Nesse sentido, avançou com cinco propostas concretas para mitigar a situação e defendeu que é “necessário reforçar o diálogo e a concertação” com os agentes do setor turístico.
“Em primeiro lugar, é necessário chamar entidades como os empresários, as Câmaras de Comércio, Associação de Alojamento Local, a AHRESP, entre outras, para avaliar em conjunto os impactos que esta redução dos voos traz para cada um dos setores de atividade e para a economia, relativamente ao inverno 2023-2024 e 2024-2025, que é o horizonte deste acordo”, frisou o líder dos socialistas açorianos.
Em segundo lugar, Vasco Cordeiro considerou que, neste momento, “falta uma visão global daquilo que está a acontecer em termos de disponibilidade de lugares para o próximo inverno”, defendendo, por isso, que se deve “chamar a TAP e a Azores Airlines e pedir-lhes uma reavaliação das suas operações”.
O presidente do PS/Açores alertou, por outro lado, que a notícia de redução de voos provoca “danos reputacionais ao destino”, desafiando o Governo Regional, isoladamente ou em articulação com a VISITAZORES, a “lançar uma campanha de esclarecimento e de promoção do destino Açores no mercado nacional”.
Em quarto lugar, Vasco Cordeiro entende que o executivo deve “dar prioridade máxima à preparação do inverno de 2024 e 2025”, concertando medidas em conjunto com os empresários, câmaras de comércio, associações e outras entidades do setor.
Finalmente, o líder dos socialistas açorianos convidou o Governo PSD-CDS/PP-PPM a “refletir os termos do processo de privatização da Azores Airlines”, uma vez que, por opção deste executivo, a privatização da Azores Airlines “pode ir até aos 85%” e “a partir ou até aos 66%, há um conjunto de poderes que qualquer acionista deixa de ter”.
“Na forma como está construído o caderno de encargos, daqui a três anos quem vencer a privatização pode mudar a sede da empresa, pode despedir, pode vender, pode fazer o que quiser e esta situação da Ryanair é um alerta para que seja repensado e refletido este processo que pode efetivamente condicionar aquilo que é disponibilidade de lugares para a nossa região”, concluiu o presidente do PS/Açores.