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Governo quer garantir recuperação das aprendizagens

Governo quer garantir recuperação das aprendizagens

Plano de recuperação das aprendizagens vai contar com peritos de diferentes áreas. O grupo de trabalho já foi criado, anunciou ontem o secretário de Estado João Costa.
Governo quer garantir recuperação das aprendizagens

“Nomeamos hoje [segunda-feira] formalmente um conjunto de peritos e consultores que têm como missão produzir um conjunto de recomendações ao Governo”, anunciou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, durante a apresentação de dados preliminares do estudo do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), realizada em Lisboa.

“Este grupo de trabalho é independente, sem qualquer intervenção do Governo”, salientou João Costa, acrescentando que o Ministério da Educação irá “ainda ouvir várias entidades”, no sentido de elaborar o plano de recuperação terá em conta soluções “curriculares, pedagógicas e organizacionais” ao nível das escolas.

A “equipa multidisciplinar” será constituída por diversos especialistas, nomeadamente, com Margarida Gaspar de Matos, professora catedrática e coordenadora nacional de um estudo da Organização Mundial de Saúde sobre comportamentos e saúde mental dos adolescentes; Susana Monteiro da Ordem dos Psicólogos, onde preside o conselho de especialidade de Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações; Susana Peralta, economista e professora da Universidade Nova; e José Verdasca, coordenador do Plano Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, bem como professores e diretores de escolas de várias regiões do país.

As recomendações da equipa multidisciplinar deverão ser conhecidas durante o mês de abril, acrescentou.

“Não podemos achar que depois de dois anos de pandemia está tudo igual”, disse João Costa, referindo-se ao estudo do IAVE, que indicou que a maioria dos alunos não conseguiu atingir os níveis esperados em conhecimentos elementares em diferentes áreas, que, segundo o governante, “não pode ser ignorado”.

O estudo, realizado em janeiro, envolveu 23.340 alunos dos 3º, 6º e 9º anos, que realizaram um conjunto de tarefas para serem avaliados o nível de aprendizagens e competências em literacia científica, literacia da leitura e informação, e literacia matemática.

Nesta bateria de testes, o IAVE considerou que seria positivo se os alunos respondessem a pelo menos dois terços das tarefas (66,6%), sendo que havia quatro níveis de perguntas, desde questões mais simples (nível 1) até mais complexas (nível 4).

Os alunos do 6º ano foram os que revelaram os piores resultados, ao contrário dos alunos mais novos que frequentam o 3º ano, que mostraram “maior resiliência” e capacidade no ensino à distância, o que, de acordo com o presidente do IAVE, Luís Santos, poderá estar relacionado com a existência de “maior apoio dos pais”.

Recorde-se que, em agosto de 2020, o Ministério da Educação dirigiu às escolas as ‘Orientações para a Recuperação e Consolidação das Aprendizagens ao Longo do Ano Letivo de 2020 /2021’, no sentido de mitigar os impactos negativos da pandemia de Covid-19 no processo educativo e de aprendizagens, que, de acordo com o ‘Education during COVID-19 and beyond’, das Nações Unidas , constitui “a maior disrupção nos sistemas educativos na história, afetando cerca de 1,6 mil milhões de estudantes em mais de 190 países e continentes”.

O esforço acrescido que as comunidades educativas têm vindo a realizar e as medidas que o Governo tem vindo a implementar no sentido de reforçar a segurança nas escolas, nomeadamente através da testagem e da vacinação dos corpos docentes e não docentes, têm de ser acompanhados por comportamentos responsáveis e cumprimento das normas em vigor por forma a manter a pandemia controlada de modo a evitar uma nova suspensão das atividades letivas presenciais, pois, tal como já afirmou o primeiro-ministro, António Costa, “não podemos sacrificar uma geração, que é a geração que nos dará continuidade”.