home

Governo quer fazer um “desmantelamento do estado social”

Governo quer fazer um “desmantelamento do estado social”

António José Seguro voltou a defender que a saída da crise só pode ser feita pela via do crescimento económico e emprego, acusando o Governo de estar a “empobrecer o país”.

O secretário-geral do PS, que se encontrava na sessão de encerramento do LIPP no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, realizou um discurso centrado na via para vencer a crise, ou seja, na aposta no crescimento económico e emprego, tal como os socialistas têm vindo a defender, tecendo fortes críticas à política de austeridade do Governo de direita.

“Há um ano e meio, quando os socialistas falavam em economia e emprego como saída da crise, muita gente sorria”, lembrou, acrescentando que, como ninguém acreditou, “os resultados infelizmente estão à vista”.

António José Seguro resumiu, em poucas palavras, o resultado da política do Executivo de Passos Coelho: “Défice acima do previsto, dívida acima do previsto, economia caiu mais do que previsto e desemprego a níveis recorde”.

Porém, “o primeiro-ministro, mesmo com estes resultados e de ter feito perder 200 mil postos de trabalho, continua a insistir na mesma política”, lamenta.

O líder do PS sublinhou a necessidade de se fazer uma consolidação sustentável do programa de ajustamento, “fazer uma consolidação credível que os credores percebam a vontade política para o fazer, mas não deixando nenhum português para trás”.

Depois, relatou a realidade que se vive em Portugal: “Muitos portugueses já não têm condições de acesso a cuidados de saúde e muitos tiveram que entregar a sua casa”.

Revelou que “cerca de 250 delegados de todo o mundo” se reúnem a partir de hoje “em Portugal, provenientes de todos os partidos socialistas, para debaterem o crescimento económico e o emprego. Não estamos sozinhos nisto”.

António José Seguro defendeu que é urgente a captação de investimento estrangeiro, o fomento das exportações, e um programa de substituição de importações por aumento da produção nacional de bens e serviços transacionáveis. Acrescentou que, em Portugal, “tem de haver um discurso político e público que lute pelo melhor que há no nosso país, para que possam investir em Portugal”.

Criticando o Governo por estar a “empobrecer o país e os portugueses”, lembrou o último debate quinzenal na Assembleia da República em que o primeiro-ministro “disse que tudo estava a correr bem em Portugal, exceto algumas surpresas”. “O que são essas surpresas?”, questionou o secretário-geral socialista, dando, em seguida, a resposta: “Quebra da nossa economia, a espiral recessiva, e cerca de 880 mil portugueses desempregados”.

Em seguida, apresentou uma proposta concreta, dado que há muitos empresários em Portugal com problemas em tesouraria e pré financiamento para corresponderem às encomendas: “Empréstimos dos sócios para que as empresas possam beneficiar das mesmas condições do empréstimo dos bancos”. “Tem três vantagens: há reforço dos capitais próprios das empresas e faz face a muitos problemas de tesouraria, há menos dependência das empresas, há menos transferências dos recursos da economia para o sector financeiro”.

António José Seguro voltou a acusar Pedro Passos Coelho de não querer fazer nenhuma reforma do Estado, “quer fazer uma afronta e um desmantelamento do estado social”. “O país do senhor primeiro-ministro é de estado mínimo e capital máximo, onde cada português se entrega à sua sorte, mesmo aqueles que têm rendimentos baixos”, acusa.