Começando a sua intervenção, no debate requerido pelo PCP sobre o início do ano letivo, a demonstrar solidariedade com a escola da Azambuja que esta semana sofreu um ataque por parte de um aluno de 12 anos, Isabel Ferreira alertou “para o perigo do discurso irrealista de degradação da escola pública, ignorando todo o caminho feito com melhorias significativas, sobretudo entre 2016 e 2023”.
“Queria que todos relembrassem as palavras do atual primeiro-ministro quando era líder da oposição e, cheio de certezas, criticava o Governo PS pela falta de professores, dizendo que bastava mudar o Governo para se resolver num ápice e nunca reconhecendo que estávamos perante questões estruturais”, invocou.
Luís Montenegro “fez uma campanha cheia de promessas de resolução rápida dos problemas, anunciou planos de emergência em catadupa, com medidas pouco refletidas e que, para além das medidas de continuidade, nada têm de eficaz”, criticou.
A dirigente socialista comentou, em seguida, que, agora no Governo, o primeiro-ministro deu “uma volta de 180 graus, reconhecendo que a falta de professores não se resolve de um dia para o outro”.
Sublinhando que as medidas do Governo “ainda não passaram de anúncios”, Isabel Ferreira acusou o Executivo da AD de apenas “alimentar a máquina mediática, sem resolver o problema sério da falta de professores”, que se agravou.
“O PSD repete que foram lançadas 21 medidas na área da educação”, mas, para a vice-presidente da bancada do PS, não interessa o número desde que as medidas fossem “eficazes em termos de rejuvenescimento da carreira docente, formação de mais professores, e aumento da atividade da carreira”.
Isabel Ferreira lamentou ainda que o Governo tenha divulgado o número de 324 mil alunos sem professor pelo menos a uma disciplina no início do ano letivo, tratando-se de “um valor muito superior ao real”, algo que a socialista considera “grave”.
Necessidade de agir não justifica precipitações que causem desigualdades
Já a deputada do PS Rosário Gambôa observou que, “quando um primeiro-ministro e um ministro da Educação mandam emigrar os professores e dizem que há professores a mais”, como aconteceu em 2015, essa atitude “tem um efeito estruturante a longo prazo”.
A coordenadora dos socialistas na Comissão de Educação e Ciência lembrou que “o Partido Socialista, durante o seu tempo de governação, vinculou 29 mil docentes e, simultaneamente, desses 29, 21 mil entraram no quadro de escola”.
Sobre as medidas de urgência, Rosário Gambôa vincou que “a necessidade de agir não justifica precipitações que introduzem desigualdades graves entre professores”.
Relativamente ao apoio à deslocação, a deputada do PS considerou “absolutamente injustificável que, no mesmo território, uns docentes recebam e outros não, porque não estão numa escola dita carenciada”. “Isto é uma injustiça”, assegurou.