Governo não compreende nem respeita os emigrantes
Segundo o dirigente do PS, as declarações do membro do Governo que publicitou a medida são “esclarecedoras”, já que “fala de 40 a 50 projetos nesta fase, mas não sabe qual será o montante disponível, prometendo também que haverá outras linhas de apoio, sem dizer como nem quando”.
Face ao anúncio deste programa, o PS diz-se “perplexo”, porque, conforme lembra Porfírio Silva, este é o primeiro-ministro que “mandou os portugueses emigrar e desde que este Governo entrou em funções já emigraram cerca de 400 mil portugueses, o que representa um regresso do país aos anos 60 e 70 do século passado. E o Governo fala de um punhado de projetos”.
Para o dirigente socialista, “isto só mostra que o Governo não compreende nem respeita os portugueses que sofrem as consequências das suas políticas”.
Por outro lado, Porfírio Silva considera que “este rascunho de miniprograma é uma tentativa desajeitada do Governo para copiar propostas apresentadas pelo PS há vários meses para facilitar o regresso de emigrantes e descendentes”.
Governo nem a copiar é bom
Entre as propostas já apresentadas pelo PS, o secretário nacional lembra, por exemplo, um programa de apoio ao reconhecimento e certificação de qualificações e competências adquiridas no exterior; um programa para atrair emigrantes a desenvolverem projetos inovadores cá dentro; a proposta de desenvolvimento de ferramentas digitais para apoiar a transferência de direitos adquiridos no estrangeiro; e um programa Erasmus Portugal para facilitar a mobilidade no ensino superior que atraia emigrantes e respetivos descendentes.
Porfírio Silva acusa ainda o Governo de “tentar copiar as propostas do PS à socapa”, frisando que “nem a copiar são bons, porque só são capazes de inventar aspirinas eleitorais”.
Afinando pelo mesmo diapasão, o deputado do PS eleito pelo círculo da Europa, Paulo Pisco, vislumbra neste programa uma “quase ofensa” por parte de um Governo que “não tem a noção de como fazer as coisas, porque se trata de um programa muito limitado, que apenas procura arranjar condições para 30 ou 40 empresas. É absolutamente ridículo, para não dizer ofensivo”.
Este programa “Vem”, anunciado com muita publicidade, surge depois de durante mais de três anos o atual Governo ter como doutrina o apelo constante à emigração, em particular dos jovens, desempregados e professores.
Nunca é de mais recordar que o próprio primeiro-ministro, Passos Coelho, apelou à emigração dos jovens, secundado por vários ministros, entre os quais a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que recentemente relativizou este fenómeno, afirmando, nomeadamente, que “hoje um jovem que termina uma licenciatura tem um mundo à sua disposição”.
E, pasme-se, em dezembro de 2011, um eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, chegou mesmo a defender a criação de uma agência nacional para a emigração.
400 MIL É o número estimado de portugueses que foram forçados a sair do país para procurar emprego no estrangeiro, desde o início de funções do atual Governo. |