“Preocupa-me que não haja acordo. Esta tinha sido mesmo uma das grandes promessas do atual primeiro-ministro em campanha, que em pouco tempo resolveria a situação com as forças de segurança. Aquilo a que estamos a assistir é ao fracasso desse anúncio”, afirmou Pedro Nuno Santos, que falava aos jornalistas depois de ter recebido, na sede nacional, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Maroš Šefčovič.
Em causa as declarações de hoje do primeiro-ministro, Luís Montenegro, quando afirmou que o Governo não vai colocar “nem mais um cêntimo” na proposta para as forças de segurança, dizendo que já fez “um esforço medonho” e não está disponível para “trazer de volta a instabilidade financeira”.
“Estamos a assistir a uma assertividade que não existiu durante a campanha. Lembro-me bem do debate que nós tivemos e que foi alvo de pressão pelas forças de segurança e não tivemos da parte do atual primeiro-ministro nenhuma resposta assertiva na defesa da autoridade republicana do Estado português”, criticou.
Para Pedro Nuno Santos, o argumento da capacidade orçamental é importante e o PS não o desvaloriza, mas disse ser a “primeira vez” que o ouve desde que este Governo tomou posse, recordando que o executivo tem apresentado “uma catadupa de medidas com elevado custo orçamental” e que essa preocupação “nunca pareceu muito presente”.
“Em matéria de medidas fiscais, só de IRS são quase 1,5 mil milhões de euros de perda de receita por ano. Por isso, o argumento orçamental é um argumento novo, que nós não desvalorizamos, antes pelo contrário, é muito importante. Mas é muito importante sempre. Aquilo que fica é o fracasso de uma negociação e isto é mau para toda a gente, é mau para o Governo, é mau para as forças de segurança e é mau para o país”, disse.
Aproveitamento do Chega é “irresponsável”
O Secretário-Geral do PS fez ainda uma “condenação total e sem hesitação do aproveitamento do Chega”, acusando de “irresponsável” o apelo de André Ventura para que as forças de segurança fossem ao Parlamento protestar.
“Não sossega nenhum cidadão em Portugal, mesmo aqueles que votaram no Chega e que valorizam a ordem pública, que concordem com a forma como o líder do Chega se comporta no que diz respeito a este tema”, disse o líder socialista.
“Porque uma coisa é nós estamos preocupados com a situação concreta com que as forças de segurança lidam todos os dias. E aí o PS e eu próprio também o estamos. Para mim, é muito importante que as forças de segurança se sintam respeitadas e motivadas em Portugal. Isso significa nós ir ao encontro de muitas das suas legítimas reivindicações”, começou por afirmar.
Pedro Nuno Santos aconselhou, por isso, a que se deixem de lado os “jogos de bastidores” e de “tática política”. Sublinhando que “a estabilidade política em Portugal é importante”, insistiu que “o primeiro responsável” por garanti-la é o primeiro-ministro.
Não será pelo PS que haverá instabilidade política
O Secretário-Geral do PS deixou ainda uma recomendação de “humildade” ao primeiro-ministro, lembrando que é ao executivo que compete encontrar “soluções que lhe garantam a sustentabilidade da governação”, respeitando o Parlamento e a vontade dos portugueses.
“O senhor primeiro-ministro não tem uma maioria absoluta no Parlamento. Os portugueses não lha quiseram dar e escolheram o Parlamento que temos. Isso implica uma maior humildade por parte do primeiro-ministro e por parte do Governo”, observou.
Pedro Nuno Santos aconselhou, por isso, a que se deixem de lado os “jogos de bastidores” e de “tática política”, sublinhando que “a estabilidade política em Portugal é importante” e que “o primeiro responsável” por a garantir é o primeiro-ministro.
Neste sentido, afirmou, a pergunta que deve ser colocada não é ao PS, mas sim a Luís Montenegro: “o que está o Governo disponível para fazer e quer fazer para garantir que tem sustentabilidade. A não ser que queira eleições”, questionou.
O líder socialista reiterou, ainda, a garantia de “que não será por causa do PS que haverá instabilidade política em Portugal”.
“A nossa preocupação é com o país e com os portugueses. O PS sente-se responsável por garantir que defende o seu programa e que luta pelo país e pelos portugueses, e pela visão que tem para o país. Esse é o trabalho que temos de fazer”, sustentou Pedro Nuno Santos.