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Governo e troika não estão conscientes da gravidade da situação do país

Governo e troika não estão conscientes da gravidade da situação do país

António José Seguro sublinhou que Portugal “vive um momento crítico” a nível social, económico e das finanças públicas, não tendo Governo e a troika consciência da gravidade, e reiterou a necessidade de renegociar o programa de ajustamento.

“Chegámos a um momento crítico da vida do país. Crítico porque estamos a discutir o principal instrumento de execução do programa de ajustamento para o próximo ano, o Orçamento do Estado, e porque chegaram ao conhecimento público elementos importantes, sinais de alerta, sobre a situação económica, social e das próprias contas públicas. O país está numa situação muito grave, mais grave do que o Governo e a própria troika têm consciência”, assegurou.

O líder socialista alertou para o desemprego, que “é o maior de sempre”, e afirmou que “a execução orçamental não para de surpreender o Governo” e que até os últimos dados referentes às exportações revelam uma quebra.

António José Seguro insistiu na necessidade de renegociar com a troika, uma vez que nenhum problema está a ser resolvido e antes se “acentuam todos os desequilíbrios”.

“Esta oportunidade não pode ser perdida, esta é uma avaliação muito importante no sentido de o país mudar a sua trajetória de consolidação. Neste momento, a consolidação não está a ser feita do modo previsto, impendem sobre os portugueses pesados sacrifícios, em situação de e pré-rutura social, a nossa economia continua a cair. Esta realidade tem de obrigar a alterar o memorando, é o memorando que tem de se adaptar à realidade”, asseverou.

“O país precisa de negociar as condições do contexto do ajustamento, com mais tempo e menos juros. E temos de definir com clareza uma estratégia nacional de desenvolvimento, sustentável”, acrescentou, sublinhando que “só pelo lado do crescimento económico” Portugal conseguirá resolver o seu problema, ou seja, “gerar riqueza suficiente para preservar postos de trabalho, diminuir o défice e pagar as dívidas”.

António José Seguro revelou que os representantes da troika foram “insensíveis” em relação às propostas dos socialistas.

“De um lado está a troika e o Governo e do outro está o PS e o país”, afirmou, reiterando que há hoje em Portugal um “consenso” de que a “receita de austeridade custe o que custar falhou” e que é preciso “mudar de estratégia” para outra que “coloque a prioridade na economia e no emprego”, conciliada com a “disciplina” e o “rigor” nas contas públicas.

Os portugueses “desejam esta mudança, só o primeiro-ministro a recusa”, garantiu, acusando Passos Coelho dos “crimes” de “fundamentalismo” em relação à política de austeridade e de “isolamento”, por não assumir ou entender que a crise é não apenas portuguesa, mas também da zona euro.

O secretário-geral do PS revelou, ainda, que abordou na reunião o corte de 4 mil milhões de euros na despesa pública e que os responsáveis da troika indicaram que não “há nenhuma exigência” em relação às áreas ou funções de Estado onde esse corte deverá ser feito.