Lamentando as “incorreções, omissões – propositadas ou não –, falta de transparência quando toca a números”, Alexandra Leitão acusou o Governo de faltar à verdade aos portugueses. Em causa está a “parangona” na capa do semanário Expresso que “diz que houve uma redução de 90% dos alunos sem aulas”, números dados pelo ministro Fernando Alexandre.
Ora, perante esta falta de seriedade no tratamento de números, Alexandra Leitão esclareceu, numa conferência de imprensa, que “quando falamos de alunos sem aulas, estamos a falar de dois universos diferentes”. “Um universo são os alunos que, desde o início do ano letivo e até agora, estiveram continuamente sem aulas a pelo menos uma disciplina por falta de um professor; outro universo é o de alunos que, em algum momento ao longo deste período, estiveram sem aulas”, disse.
De acordo com a líder parlamentar socialista, “é fácil de se perceber que os universos não são iguais”, assegurando que “é como se o primeiro universo fosse um filme e o segundo universo, uma fotografia”.
E garantiu que “o que o ministro da Educação faz nas declarações a este jornal é confundir o filme com a fotografia”. Ou seja, o governante compara “o número de alunos que, em 2023, – fotografia – estava sem aulas num dado dia com o número de alunos que, desde o início, estiveram continuamente sem aulas”, clarificou.
Alexandra Leitão frisou que nos 21 mil alunos do ano de 2023 que o governante “utiliza como critério, estão lá metidos os dois universos”: “Dois mil, em 2023, estavam nesta altura continuamente sem aulas e 19 mil estavam – fotografia – sem aulas naquele momento”.
De acordo com a presidente da bancada do PS, o que o ministro da Educação deveria ter dito ao semanário era que os 2.338 alunos deste ano “comparam com dois mil no mesmo período do ano passado”.
Exige-se um tratamento mais transparente dos números
Alexandra Leitão recordou que esta “não é a primeira vez que o Ministério da Educação é pouco sério na utilização dos números” e exemplificou com os 324 mil alunos que o Governo disse que estariam sem aulas no início do ano letivo de 2023, número esse que estava incorreto.
Por isso, o Grupo Parlamentar do PS apela “a que haja um tratamento mais sério, mais rigoroso, mais transparente dos números”, vincou. Alexandra Leitão defendeu a “necessidade de haver seriedade no tratamento dos números, seriedade na informação que é dada à comunicação social e, sobretudo, aos cidadãos”.
“Do ministro Fernando Alexandre esperava-se mais”, censurou.