Respondendo à intervenção do “líder demissionário” da Iniciativa Liberal (IL) na abertura do debate parlamentar, o primeiro-ministro começou por lembrar, na Assembleia da República, que os portugueses que o interpelam na rua não lhe perguntam sobre “as mudanças no Governo ou sobre este ou aquele secretário de Estado ou ministro”, mas se o Governo consegue manter a estabilidade e aprofundar as políticas de desenvolvimento e de progresso económico e social, e se continua a aprofundar as políticas para enfrentar o aumento dos preços, como tem feito em relação “à redução do IVA nos combustíveis ou com a descida do ISP”.
Acusou, por isso, a direita de apostar na instabilidade, ao contrário do Governo, como salientou, que nunca desistiu de “assegurar a estabilidade das políticas”, independentemente, das “vicissitudes pessoais ou dos ajustamentos orgânicos que ocorrem no Governo”, voltando a referir que os partidos à direita do PS não são uma verdadeira “alternativa ao atual executivo”.
Para que não caia no esquecimento, o primeiro-ministro evocou o facto de há um ano os portugueses terem sido chamados a resolver “uma verdadeira crise política” que resultou do chumbo, pelo conjunto das oposições, do Orçamento do Estado para 2022, lamentando que, menos de um ano depois deste episódio, o “líder demissionário da Iniciativa Liberal” venha agora propor não só “eleições no seu próprio partido”, mas que se repitam as eleições nacionais em que a IL foi derrotada. “Fomos eleitos pelos portugueses”, disse, “com um programa e é com esse programa que temos de governar”.
Governar bem e em diálogo com a sociedade
Na sua intervenção, António Costa voltou a garantir que a maioria absoluta do PS “não abusa do poder”, lembrando, tal como tinha defendido na noite das eleições legislativas, que “maioria absoluta é uma responsabilidade absoluta”, e que o Governo vai continuar a “governar bem e em diálogo com a sociedade”.
Um diálogo que passou, em apenas nove meses, por um acordo de médio prazo em sede de concertação social, que “ofereceu aos empresários e aos trabalhadores previsibilidade, estabilidade e aumento de rendimentos, um acordo de médio prazo com os sindicatos da administração pública, que garante a valorização das carreiras e salários até 2026 e uma negociação com as autarquias que aposta na descentralização em áreas como a saúde, a educação e ação social”.
Mas também diálogo com os “partidos democráticos” com assento na Assembleia da República, lembrando a propósito que só nas votações do Orçamento do Estado para 2023 foram aprovadas “mais propostas da oposição do que em todas as anteriores legislaturas da direita”.