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Governo atingiu duramente rendimentos mais baixos

António Costa em Évora
O secretário-geral do PS, António Costa, acusou o Governo de ter “atingido duramente”, ao longo destes quatro anos, os portugueses com rendimentos mais baixos, os quais “não escaparam à fúria” de austeridade do executivo.

Na sua intervenção na Convenção Socialista de Évora, o líder do PS afirmou que “a classe média foi, de facto, muito asfixiada, mas não foi só a classe média. Nem os rendimentos mais baixos escaparam à fúria ‘austeritária’ deste Governo” e “foram duramente atingidos” pelas políticas da maioria PSD/CDS-PP.

“No debate na AR, o primeiro-ministro disse, a certa altura, a seguinte frase: As pessoas com rendimentos mais baixos não foram objeto de cortes”, evocou António Costa, contrapondo que a realidade é outra.

“É absolutamente extraordinário” que, “quatro anos depois de ter incumprido todas as promessas que fez na campanha eleitoral, o primeiro-ministro tenha a desfaçatez de ir hoje ao parlamento fazer esta afirmação”, disse.

Uma afirmação, continuou, que “é desmentida pela realidade concreta daquilo que [Passos Coelho] fez e praticou ao longo destes quatro anos de Governo”.

“Assim, de facto, não é possível ter confiança e credibilidade no atual primeiro-ministro”, frisou o líder do PS.

A título de exemplo, para sustentar os efeitos do Governo PSD/CDS-PP nos portugueses com rendimentos mais baixos, Costa aludiu ao Complemento Solidário para Idosos (CSI) e ao Rendimento Social de Inserção (RSI).

Nem o CSI, “uma das mais importantes medidas para o combate à pobreza da pobreza que é a pobreza dos idosos”, e que foi “adotada aliás pelo [socialista e antigo ministro] Vieira da Silva”, lembrou, “escapou aos cortes que este Governo aplicou”.

“E o montante do Complemento Solidário foi reduzido mesmo para os idosos mais carenciados e que [dele] precisavam para não estarem no limiar de pobreza”, afirmou.

Quanto ao RSI, sofreu também cortes, a começar pelo próprio titular da medida, que “teve um corte de 6%”.

Já a parcela de “outro adulto que integrasse aquele agregado familiar teve um corte de 33% e, finalmente, a parcela das crianças dos agregados com RSI teve um corte de 44%”, sublinhou.

O secretário-geral socialista argumentou que, por terem sido “alterados os critérios de atribuição” destas medidas, também 170 mil pessoas perderam o acesso ao RSI e 70 mil idosos deixaram de ter o Complemento Solidário.

E o líder do PS questionou: “Então, quem depende do Complemento Solidário e do RSI não são precisamente aqueles que têm os rendimentos mais baixos? Quem é que tem rendimentos mais baixos do que aqueles que vivem dos instrumentos de combate à pobreza?”.