O Governo autorizou a CP a avançar para a aquisição de novos comboios naquela que será a “maior compra da história da operadora”, disse o ministro Pedro Nuno Santos que garantiu que o executivo socialista pretende lançar o concurso público internacional ainda durante este ano e adjudicar o contrato em 2022, explicando que o desejo do executivo é que a primeira composição desta nova aquisição chegue à CP em 2026 e que, a uma “cadência de três por mês, o processo esteja terminado até 2029”.
Estas novas composições ferroviárias vão juntar-se a outras 22 que, entretanto, Portugal já adjudicou, sublinhando o ministro que serão direcionadas não só para as linhas urbanas de Lisboa e do Porto, mas igualmente para o serviço regional, salientando o governante que esta é uma compra que visa “substituir material circulante obsoleto” e dar resposta a uma exponencial procura do meio de transporte ferroviário.
Tal como o ministro anunciou, 62 automotoras serão colocadas no serviço urbano, incluindo 34 unidades para a Linha de Cascais, para substituir as atuais 29 unidades “que têm mais de 50 anos”, 16 para reforçar as restantes linhas da Área Metropolitana de Lisboa, Sintra, Azambuja e Sado, e 12 unidades para reforço dos serviços urbanos do Porto, tendo o ministro das Infraestruturas e Habitação acrescentado que, paralelamente, serão também “adquiridas 55 automotoras elétricas para o serviço regional de todas as linhas”.
Centro de competências para uma estratégia industrial
Simultaneamente com a aquisição de novos comboios para a CP, o Conselho de Ministros aprovou também a criação de um centro de competências vocacionado para a investigação e a formação na área da ferrovia, a localizar no município de Matosinhos, em Guifões. Segundo Pedro Nuno Santos, fica assim aberta a porta ao nascimento do Centro de Competências Ferroviário, “entidade sem fins lucrativos” que vai integrar a CP, a Infraestruturas de Portugal, os metropolitanos de Lisboa e do Porto e o IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, o que vai permitir “aliar a aquisição de comboios a uma estratégia industrial”.
O caderno de encargos do concurso, referiu também o ministro, define claramente que um dos objetivos é garantir que “uma parte considerável” da produção destas novas composições ferroviárias a serem entregues à CP “tenha incorporação nacional”, lembrando Pedro Nuno Santos que não há neste momento nenhum governo europeu que não esteja a “investir fortemente nas infraestruturas ferroviárias e no material circulante”, e que Portugal quer também “participar neste importante setor económico”.
Recordando que este investimento será financiado por instrumentos comunitários, mas não pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o ministro ainda deixou a certeza de que Portugal está “no caminho certo” para executar o plano Ferrovia 2020, que terá de estar finalizado até 2023, uma vez que “queremos rapidamente começar o próximo ciclo de investimentos” no setor.