As mulheres na governação
MARIA MANUEL LEITÃO MARQUES Com jeito vai! Escrevo da Índia , Nova Deli, depois de há três semanas ter estado nos Emirados Árabes Unidos, onde participei em dois grandes eventos sobre governance e tecnologias . Sendo países tão diferentes na sua cultura e dimensão , o que têm de comum estes momentos para além de alguns dos temas que aí foram discutidos? Com lenço, de saari , de calças ou de vestido , em ambos os casos houve mulheres na organização , no palco e nas primeiras filas . Por direito próprio , pelo lugar que ocupam nos seus governos , nas suas universidades , nas suas administrações , do Dubai ao Uganda , da Índia à Argentina . E claro Portugal! Não era assim há anos atrás, em especial neste domínio, e por isso esta é uma boa notícia para o dia de hoje. Num mundo onde a linha entre os que acedem e os que não acedem à informação constitui uma marca de profunda desigualdade , é bom ver mulheres entre os champions do digital , mesmo sabendo que falta muito para vencer em todo o mundo a mais importante batalha na luta contra a discriminação , precisamente a do acesso à educação e ao conhecimento . |
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CONSTANÇA URBANO DE SOUSA Ser mulher nunca me prejudicou”. Tenho repetido esta frase várias vezes e, na qualidade de Ministra da Administração Interna, nunca senti que o meu género influenciasse de forma negativa o meu trabalho. A Constituição de 1976 simboliza um marco histórico em matéria de igualdade. Há, no entanto, ainda muito a fazer. Porém, muito mudou desde 1976 e acredito que não serão precisos mais 41 anos para pôr fim às desigualdades ainda existentes. |
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CATARINA MARCELINO Nada justifica que, em pleno Séc. XXI, persistam fatores de desigualdade estruturais que perpassaram todo o Séc. XX. As mulheres ganham menos que os homens, são as principais cuidadoras e responsáveis pelo trabalho doméstico e têm menos acesso aos lugares de poder e de decisão. Avançámos muito, é certo. Hoje temos mais mulheres na política, por exemplo, fruto de uma lei que o Partido Socialista propôs em 2006 e que enriqueceu a Assembleia da República, o Parlamento Europeu e as Autarquias Locais. Hoje, é consensual que essa lei, tão polémica à data da sua discussão, fazia sentido. Já ninguém questiona o ‘mérito’ das deputadas para ocuparem um lugar que lhes é devido, para que o parlamento seja uma verdadeira representação da sociedade portuguesa. É essa experiência que nos demonstra que vale a pena fazermos valer os nossos argumentos no debate que agora decorre sobre a proposta do Governo de estabelecer limiares de paridade nas empresas públicas e nas cotadas em bolsa. Este é um dos pilares da nossa Agenda para a Igualdade no Mercado de Trabalho, que inclui ainda as questões da parentalidade, a conciliação da vida pessoal e profissional, a eliminação das disparidades salariais e da segregação profissional. O Governo está fortemente empenhado nesta Agenda, que é transversal e urgente. Não há tempo a perder. Até à Igualdade. |
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MARGARIDA MARQUES Uma boa ideia para comemorar o dia internacional da mulher é pensar o que foi feito recentemente que tenha trazido progressos no que ao poder das mulheres na sociedade diz respeito. Uma questão merece destaque e que tem a ver sobretudo com a valorização do papel das mulheres na economia: uma participação equilibrada nos conselhos de administração das empresas. Uma iniciativa da Comissão Europeia ha algum tempo; agora objeto de decisão politica em Portugal. A regra está feita; falta agora pô-la realmente em prática. |
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TERESA RIBEIRO Uma oportunidade para a paz. No mundo complexo que é o nosso – em que a Paz é seguramente o desafio que mais nos interpela – escolhi, para assinalar o dia da Mulher, a importância do seu desempenho na resolução de conflitos e na construção da Paz. Apesar de conscientes, quer da especial vulnerabilidade de mulheres e raparigas no caso de conflito violento, em que a agressão sexual é muitas vezes utilizada como arma de guerra, quer da importância do seu envolvimento na resolução de confrontos, em particular pela sua capacidade de construir soluções de paz inclusivas, a sua participação neste domínio tem sido marginal, ao arrepio das promessas de inúmeros instrumentos multilaterais. Importa pois dar conteúdo útil aos compromissos assumidos nos palcos internacionais e assegurar às mulheres o protagonismo com que todos ganharemos. |
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GRAÇA FONSECA Dia da Mulher. Todos os dias são Dia da Mulher. O que o dia 8 de Março nos deve lembrar é isso mesmo, que todos os dias devemos lutar pela igualdade na diferença, que nunca podemos desistir da igualdade de direitos e deveres, que é decisivo para o futuro das nossas democracias a integração e participação de todas e de todos. Feliz Dia da Mulher hoje e todos os dias! |
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CAROLINA FERRA Neste dia de celebração evoco, em representação de muitas, os nomes de Carolina Beatriz Ângelo e de Maria de Lurdes Pintassilgo, que pela sua ação politica estiveram associadas ao que de melhor a Política proporcionou a Portugal, respetivamente, a construção do regime republicano e do regime democrático. No presente, expresso o meu orgulho de contribuir e fazer parte do XXI Governo de Portugal. |
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ALEXANDRA LEITÃO Como Mulher e como Mãe de duas Filhas, o Dia da Mulher é um momento simbólico para lembrar que a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres ainda não está inteiramente alcançada nas sociedades ocidentais e muito menos noutras sociedades, designadamente nos países islâmicos. Enquanto assim for, comemorar este dia é e continuará a ser indispensável. Enquanto titular de um cargo político como Secretária de Estado Adjunta e da Educação, não posso deixar de salientar o papel essencial que a educação desempenha na construção de uma consciência comum respeitadora e promotora da igualdade e, em especial, da igualdade de género. Porque sem igualdade não há liberdade, não há cidadania plena, não há democracia. |
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ANA MENDES GODINHO Há uns tempos, alguém comentou no meu facebook que tinha de aparecer com mais mulheres nas fotografias. Fiz um flashback e constatei que, na maioria das reuniões que tenho, são homens que estão nos lugares de decisão… E, sem querer, achamos normal, que o tempo mudará isto… O tempo não muda nada, só nós é que o mudamos. 43 anos passados desde abril, é evidente que a igualdade de género efetiva não constitui um direito apenas das mulheres, mas um direito de todos, homens e mulheres, para que possamos viver num país melhor, onde todos somos chamados a contribuir para o bem comum. |