Intervindo ontem em Beja, no comício de apoio à recandidatura do autarca socialista Paulo Arsénio, António Costa defendeu que os portugueses não têm nenhuma vantagem em ter autarcas com uma postura política eurocética e muito menos antieuropeia, garantindo que é na Europa que estão “os nossos aliados e o nosso espaço de desenvolvimento” económico.
Depois deste recado, também dirigido à principal força política de oposição camarária em Beja, o líder socialista alertou os autarcas deste município alentejano para a necessidade de compreenderem que é fundamental para o seu território atrair empresas e apoiá-las de forma ativa, justificando que “são as empresas que criam empregos cada vez mais qualificados e de melhor qualidade”.
Isto é tanto mais necessário, prosseguiu ainda António Costa, quanto é preciso que os autarcas tenham a indispensável capacidade e qualidade para “fazerem as pontes” que são necessárias erguer entre a autarquia, as empresas, os concelhos vizinhos, os institutos politécnicos, as universidades e os centros de investigação, evitando serem “uma espécie de eucaliptos que secam tudo à sua volta”.
Para o Secretário-geral do PS, de pouco vale alguém ter a ilusão de que o país no seu conjunto pode avançar dividindo-se ou criando uma desnecessária competição de uns contra os outros, designadamente em termos de regiões, porque a receita, ainda segundo António Costa, está “na soma do desenvolvimento de todas as partes”, desde a “centralidade atlântica, dos Açores e da Madeira, passando pela centralidade continental que o interior nos proporciona, até à força dinâmica das grandes urbes que puxam também pelo desenvolvimento do nosso país”.
Só com base nestes pressupostos, ainda de acordo com o líder socialista, aproximando e interligando a diversidade e as várias realidades de cada município e de cada região, é que o país poderá “alcançar a prosperidade” que todos desejam, saudando António Costa o candidato Paulo Arsénio, por ter colocado Beja “no caminho certo” e de estar a “garantir o futuro”, e que pelo exemplo do seu trabalho, seja mais um autarca socialista que contribui para que o PS seja “o maior partido autárquico do Alentejo e do país”.
“Desnorte” do PCP
Antes da intervenção do candidato socialista à Câmara Municipal de Beja, Paulo Arsénio, o Secretário-geral teve ainda ocasião para lembrar que o PS não está a concorrer a estas eleições autárquicas para que na noite eleitoral “ponha uma bandeirinha no mapa de Portugal a dizer Beja”, mas porque é também a partir dos municípios e das freguesias, como salientou, que o PS tem as melhores soluções e a necessária capacidade para avançar com as políticas certas para o desenvolvimento do país. “É para isso que aqui estamos e é para isso que temos de trabalhar”, garantiu.
Quanto a Paulo Arsénio, que se recandidata a um segundo mandato à liderança da Câmara Municipal de Beja, a sua intervenção foi mais direta, apontando o dedo ao PCP, partido que considerou estar a passar por momentos de um claro “desnorte ideológico”, criticando os comunistas por andarem em Beja numa deriva de “prometer tudo a todos e o seu contrário”, mostrando-se, contudo, tranquilo porque a alma do povo alentejano, como alertou, “não está à venda”.