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Governação alternativa

Governação alternativa

Portugal precisa de uma alternativa de governação progressista ao fracasso do Governo em funções. Há três caminhos para ensaiar a construção de uma alternativa.

A alternativa populista, baseada na procura de uma figura providencial e autocrática, ainda que legitimada democraticamente. A alternativa da mobilização da rua, para enfraquecer as instituições.

E finalmente a alternativa do envolvimento dos portugueses numa plataforma política que, respeitando a nossa inserção europeia e os nossos compromissos com as instituições internacionais, desenvolva um programa centrado nas pessoas e na solução dos seus problemas.

É este último o caminho de que Portugal precisa e que o Partido Socialista decidiu trilhar para merecer um mandato da maioria absoluta dos eleitores portugueses nas próximas eleições legislativas. A credibilização da política não se compagina com a demagogia, com as promessas a pataco, com os programas enciclopédicos que tudo resolvem e que oferecem a cada um o que cada um quer ouvir.

A missão do Laboratório de Ideias e Propostas para Portugal (LIPP) que envolve desde já mais de 5000 cidadãos disseminados por todo o país é dar um contributo relevante para a identificação dos problemas-chave que limitam o desenvolvimento de Portugal e para a definir as soluções para esses problemas, agregando contributos das diferentes áreas do saber e da estrutura económica e social. Um programa político de nova geração não enumera políticas sectoriais. Define estratégias transversais mobilizadoras e demonstra a sua viabilidade e sustentabilidade, bem como a calendarização da sua execução concreta e a quantificação das metas a atingir e dos resultados a obter.

Na sua nova fase, o LIPP dará um contributo forte, enquanto estrutura aberta de participação política e enquanto parte integrante da Convenção Novo Rumo, para que a sociedade portuguesa desate o nó górdio do debate circular sobre as condicionantes macroeconómicas.

O debate público em Portugal tem estado refém das limitações do Programa de Ajustamento. Em simultâneo, o fracasso na concretização sustentável desse programa é em larga medida resultado da teimosia ideológica e da incapacidade de criar dinâmicas económicas e sociais que o permitam cumprir sem destruir o potencial económico e social do país.

O troikismo é a causa e o efeito do programa de empobrecimento em curso em Portugal.

Não há, ao contrário do que alguns parecem querer fazer querer, um troikismo duro e um troikismo suave. O que existe é por um lado um governo amarrado ao programa de ajustamento aditivado como pilar programático e por outro lado a urgência de uma governação progressista alternativa em que a sustentabilidade macroeconómica seja reduzida à dimensão instrumental que nunca deveria ter deixado de ter.

Dar um novo impulso na preparação desse programa de governação progressista é a prioridade do LIPP aberta ao contributo de todas as portuguesas e de todos os portugueses que acreditam num futuro melhor para Portugal.

Carlos Zorrinho
Deputado do PS e coordenador do Laboratório de Ideias e Propostas para Portugal