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Futuro da competitividade europeia assenta em maior inovação

Futuro da competitividade europeia assenta em maior inovação

Futuro da competitividade europeia assenta em maior inovação

«O futuro da nossa competitividade não assentará no protecionismo mas num cada vez maior investimento em inovação», disse o Primeiro-Ministro António Costa na declaração conjunta com o Primeiro-Ministro Holandês, Mark Rutte, que visitou Portugal durante o dia de ontem.
O Primeiro-Ministro Mark Rutte afirmou que os dois países concordam «que a Europa precisa de se manter aberta – temos de nos manter um continente de comércio».
O Primeiro-Ministro português referiu a visita de ambos à Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, afirmando que foram «ver o que as universidades portuguesas e holandesas têm vindo a fazer – temos 504 programas de investigações no âmbito do programa Horizonte 2020».
Este é «um excelente exemplo de como para a Europa manter a sua competitividade neste mercado global, é necessário que se trabalhe cada vez mais em rede mobilizando o melhor do que existe em cada país», acrescentou.
O Primeiro-Ministro holandês referiu que a visita à universidade permitiu «discutir projetos nos quais alguns dos melhores investigadores e académicos de Portugal trabalham com pessoas da Holanda, da Alemanha e de outras partes da Europa, para estarem na primeira linha da investigação na indústria europeia».


Alterações climáticas
Durante a visita, António Costa afirmou que neste «momento em que na Europa há um excesso de medo em relação ao futuro, medo das alterações climáticas ou de sermos capazes de sustentar o nosso modelo social, o melhor que podemos fazer é aproveitar a diversidade que a Europa proporciona para conseguirmos trabalhar em rede, porque assim somos capazes de fazer muito mais do que cada um isoladamente. 
A melhor forma de a Europa se proteger dos parceiros económicos não é fechar fronteiras, nem travar o investimento externo, mas sim «investir cada vez mais» nas suas próprias capacidades e na «prioridade certa» que é «educação, investigação, cultura, inovação e formação ao longo da vida». 
A Holanda é o «sexto maior parceiro das instituições portuguesas no desenvolvimento de projetos comuns», o que, disse o Primeiro-Ministro é «um bom começo» para continuar a investir em conjunto nas áreas das alterações climáticas, do mar, da inteligência artificial e da biotecnologia. 
O Primeiro-Ministro Rutte disse que as alterações climáticas são um dos assuntos «que eu acredito que precisam de mais ambição, pesquisa e inovação na União Europeia».
Afirmando que «este combate é uma prioridade», Mark Rutte acrescentou que são precisas não só políticas públicas assentes em energia eficiente, mas também novas soluções científicas e tecnológicas que os líderes europeus devem incluir na definição da agenda estratégica. 


Visão atlântica
Na declaração, António Costa disse que, na reunião de trabalho, «trocámos pontos de vista sobre as questões europeias. Temos, felizmente, uma posição comum, fundada na dimensão atlântica de ambos os países, numa longa tradição de defesa do comércio livre, e essa visão comum tem-nos feito partilhar muitas posições no Conselho Europeu».
O Primeiro-Ministro assinalou a importância de os dois países se coordenarem «tendo em vista a próxima estratégia de médio prazo da UE, onde temos de trabalhar em conjunto para contribuirmos para uma Europa que seja mais presente no mundo, mas sobretudo consiga responder às necessidades prementes dos cidadãos europeus e reforçar a confiança dos europeus na Europa e na nossa forma de estar no mundo».
«Como é normal numa união a 28 não temos posições coincidentes sobre todas as matérias mas, com muita franqueza, explicámos os pontos de vista de cada um, procurámos compreender o ponto de vista do outro e, sobretudo, contatámos que ao longo destes três anos cada vez temos convergido mais na partilha de pontos de vista», disse.
António Costa afirmou que isto «é muito positivo, visto que a grande ambição que temos de ter coletivamente é que cada vez mais haja convergência no seio da União Europeia».


Concretizar as promessas europeias
Mark Rutte sublinhou que «com o passar dos anos nos aproximámos cada vez mais em muitos assuntos», referindo «o facto de que a Europa precisa de se manter aberta – temos de nos manter um continente de comércio» –, e ambos concordam que assim «a Europa está a criar empregos e prosperidade económica mas também segurança para os seus cidadãos»
O segundo aspeto destacado pelo Primeiro-Ministro holandês foi que «é crucial para a Europa crescer, ser mais competitiva, e uma das coisas que fomos capazes de conseguir foi ultrapassar o desacordo que havia sobre o orçamento da zona euro e chegar a um acordo em dezembro passado, graças a António Costa e à sua visão».
Essas diferenças foram ultrapassadas «porque este Primeiro-Ministro [António Costa] é muito criativo e procura encontrar soluções, não ficar agarrado às diferenças, mas procura como juntar as diferenças» e «é assim que a União Europeia deve ser governada».
Este acordo «é bom em si próprio, porque pôs termo a um debate de anos, mas também porque começámos a focar-nos em como podemos tornar as economias europeias mais competitivas e mais resistentes, e a concretizar as promessas de levar os nossos países para níveis mais elevados de prosperidade e competitividade».
«Isto significa mais empregos, mais dinheiro para as pessoas e, portanto, mais estabilidade e segurança para os nossos cidadãos», acrescentou.


Brexit
Respondendo a perguntas da imprensa acerca da saída do Reino Unido da União Europeia, o Primeiro-Ministro António Costa disse que «como sempre – e isso é uma posição comum a Portugal e à Holanda – entendemos que este processo de saída deve ser o menos traumático possível para que a relação futura seja a melhor possível».
«Cabe ao Reino Unido dizer o que deseja fazer, como deseja fazer» e a Europa discutirá «com espírito aberto» e de «uma forma construtiva para que este processo corra tão bem que a relação futura seja melhor ainda».
O Primeiro-Ministro Mark Rutte afirmou que «queremos evitar um ‘hard Brexit’, queremos negociar uma saída para eles, mas eles têm que decidir o que querem». O chamado hard Brexit é a saída sem acordo.
Durante a manhã, os dois Primeiros-Ministros visitaram a Academia do Sporting Clube de Portugal, em Alcochete, clube de futebol que é treinado pelo holandês Marcel Keizer.