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Francisco Assis responsável pelo primeiro relatório sobre direitos dos povos indígenas

Francisco Assis responsável pelo primeiro relatório sobre direitos dos povos indígenas

O eurodeputado socialista Francisco Assis foi nomeado, pela subcomissão dos Direitos Humanos, como relator responsável pelo primeiro relatório do Parlamento Europeu dedicado aos direitos dos povos indígenas.
Francisco Assis responsável pelo primeiro relatório sobre direitos dos povos indígenas

O relatório, de iniciativa própria e que tem como título “As Violações dos Direitos dos Povos Indígenas no Mundo – incluindo a Apropriação de Terras”, surge na sequência do trabalho de acompanhamento da situação dos povos indígenas que vem sendo desenvolvido pelo deputado socialista, membro efetivo da subcomissão dos Direitos Humanos, e que se traduziu em diversas intervenções e perguntas à Comissão Europeia, missões ao estrangeiro, negociação de resoluções, organização de conferências e criação de um Grupo Informal de Amigos dos Povos Indígenas da América Latina.

Votado em sessão plenária do Parlamento Europeu no início de 2018, o relatório versará as diferentes formas de violações dos direitos humanos de que são hoje vítimas várias comunidades de povos indígenas um pouco por todo o mundo.

O documento irá propor um conjunto de medidas a nível das políticas e instituições europeias no sentido de as enfrentar e mitigar, com especial enfoque na necessidade da cabal implementação das disposições contidas nos dois principais instrumentos internacionais de proteção dos direitos destes povos, a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho sobre Povos Indígenas e Tribais e a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Francisco Assis irá dedicar particular atenção ao impacto negativo nos direitos dos povos indígenas decorrente de projetos de desenvolvimento e acordos de comércio e cooperação da União Europeia, bem como de operações extraterritoriais de investidores e empresas direta ou indiretamente baseadas nos Estados-membros da UE, com diversas propostas no sentido da prevenção, responsabilização e reparação.

O relatório inclui também o tema da crescente demanda por recursos naturais protagonizada pelos sectores agroindustrial, mineiro, madeireiro e energético, entre outros, bem como por grandes projetos de infraestruturação, que está a ditar uma “corrida global às terras” em diversos países em desenvolvimento e a colocar uma pressão insustentável sobre territórios tradicionalmente habitados por milhões de pessoas pertencentes não só a comunidades indígenas, como também a comunidades campesinas locais, com os conflitos em torno da titularidade das terras a originarem as situações mais graves de violações dos seus direitos humanos.

Estima-se que o conjunto dos povos indígenas perfaça atualmente cerca de 370 milhões de pessoas repartidas por todos os continentes. Muitas destas pessoas, tal como os ativistas que defendem os seus direitos, continuam a ser vítimas de homicídios, execuções extrajudiciais, mutilação, tortura, estupro, detenções arbitrárias, agressões físicas, perseguição e intimidação, racismo e exclusão, despejos forçados e expropriação ilegal das terras por si tradicionalmente ocupadas ou interdição de acesso às mesmas, com a consequente privação das suas fontes de sustento e dos seus locais investidos de significado religioso e espiritual.

A inadequação dos seus modos de vida tradicionais às dinâmicas do mundo contemporâneo faz das comunidades de povos indígenas os grupos humanos mais vulneráveis e desprotegidos face à globalização, com o risco da diluição e da extinção.