Francisco Assis apela a acordo UE/Mercosul
O presidente da delegação para as relações com o Mercosul exorta os chefes dos governos dos Estados-membros a “ultrapassarem as resistências que possam ainda existir em relação ao acordo para que a troca institucional de propostas possa ocorrer o mais rapidamente possível”. “Estou firmemente empenhado na conclusão destas negociações e estou convencido que este acordo tem um significado político que transcende os seus benefícios económicos e comerciais”, refere ainda.
As negociações encontram-se agora num momento crucial depois de o bloco sul-americano ter avançado com uma proposta que se aproxima decisivamente do patamar de 90% apontado pela União Europeia. Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai participarão, no próximo dia 21 de dezembro, numa cimeira onde deverão acordar a posição a assumir nos próximos encontros com a União Europeia.
O eurodeputado socialista aponta na missiva enviada que “qualquer gesto positivo da UE nos próximos dias pode revelar-se decisivo para motivar uma proposta mais favorável do Mercosul, já que a oferta apresentada de liberalização de 87% das trocas comerciais apresentada em outubro não deve ser considerada como uma proposta final e pode ser melhorada”.
As negociações com vista à celebração de um acordo de associação entre a União Europeia e o Mercosul foram lançadas no ano 2000 mas, devido a fortes divergências na componente comercial, as conversações foram interrompidas em 2004 e estiveram suspensas durante 6 anos. Em maio de 2010 as partes voltaram a procurar alcançar um entendimento, no qual têm vindo a trabalhar nos últimos cinco anos e que se encontra agora numa fase determinante para a sua conclusão.
Recorde-se que o Mercosul conta com uma população superior a 270 milhões de habitantes (70% da população da América do Sul) e representa um PIB de 3,2 triliões de dólares (80% do PIB sul-americano). É ainda o quarto produtor mundial de petróleo bruto, depois de Arábia Saudita, Rússia e Estados Unidos.
Francisco Assis conclui na sua carta que a Europa “precisa de novos aliados para ultrapassar a sua recente perda de relevância geopolítica” e considera que “a América do Sul tem laços históricos, culturais e linguísticos muito fortes com a Europa e é, por isso, uma excelente aliada com um enorme potencial: um Continente jovem, vibrante e com muitos recursos, que alcançou grandes progressos na redução da pobreza e na consolidação das suas instituições democráticas”.