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Fórum “Defender Portugal”: José Sócrates: "É preciso lutar por um Estado Social …

Fórum “Defender Portugal”: José Sócrates: "É preciso lutar por um Estado Social …

No discurso de encerramento do Fórum “Defender Portugal”, o secretário-geral do PS, José Sócrates, disse que o tempo atual deve assentar na execução de “reformas para a modernização estrutural do país”. 

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Discurso_Jose_Socrates_DefenderPortugal.pdf 

 

José Sócrates referiu que este “é um tempo de exigência”, mas “infelizmente um tempo muito propício às tentações populistas e à sofreguidão dos que só pensam em jogos de poder”, sublinhando que “o empenhamento cívico deve ser contrário a tudo isso”.
“Que triste figura fazem os que sucumbem a essas tentações”, afirmou.
O secretário-geral socialista, que falava numa das salas do Centro de Congressos de Lisboa, no final de um dia onde se realizaram vários painéis temáticos com diversos independentes, acusou “alguns de quererem estar no centro das disputas partidárias” e salientou que ao PS “apenas deve mover o interesse nacional”.
José Sócrates fixou como caminho a prossecução de “reformas para a modernização estrutural do país”, designadamente no alargamento das redes de nova geração, alcançar que 31 por cento da energia final produzida em Portugal provenha de fontes renováveis e que, até 2020, 3 por cento do PIB seja afeto à ciência.
Sem esquecer as exportações, que disse querer que representem 40 por cento do PIB, Sócrates defendeu o investimento em barragens, nos centros escolares e escolas, hospitais e centros de saúde e nos equipamentos sociais.
José Sócrates disse ainda, que a atitude do partido é a de um “centro-esquerda moderno, reformista e aberto a toda a sociedade”, amigo “da estabilidade e da cooperação institucional” e “adversário da instabilidade e do extremismo”.
“A nossa atitude é esta, nós reclamamo-nos de um centro-esquerda moderno, reformista e aberto a toda a sociedade, centro-esquerda, porque adversários do extremismo e do radicalismo e amigos da moderação e do compromisso, nunca esqueci que a democracia é o reino do compromisso”, afirmou José Sócrates.
O secretário-geral do PS apontou os socialistas como “adversários do manobrismo político-partidário, amigos do respeito pela vontade do povo, expressa livremente em eleições, mas também adversários da instabilidade, amigos da estabilidade e da cooperação institucional”.
“Um centro-esquerda moderno e reformista, vinculado ao projeto europeu e empenhado na defesa da moeda única, na regulação dos mercados e na promoção do crescimento económico”, continuou, caracterizando o partido como “progressista e orientado para o futuro”, designadamente no campo da educação, ciência, tecnologia, da sociedade da informação e do conhecimento, das artes e das indústrias criativas.
O líder do PS defendeu ainda que “o que se exige hoje dos políticos e das lideranças políticas é que não pensem na sua imagem, nem na sua carreira, mas que se concentrem em resolver os problemas do país” e que cabe ao Governo “prosseguir as políticas públicas necessárias à consolidação orçamental, ao crescimento da economia, à promoção do emprego e à sustentação do Estado Social”.
Neste contexto, Sócrates teceu críticas às forças da oposição, acusando a direita de ter como agenda a redução “ao mínimo dos mínimos do Estado Social” e a esquerda de uma “recusa sistemática de toda e qualquer reforma”.
José Sócrates acusou ainda, o maior partido da direita de querer privatizar serviços públicos, de despedir funcionários públicos e de confundir passes sociais com prestações sociais.
“Foi a primeira vez na minha vida política que vi confundir os passes sociais com uma prestação social. Eu pensava que os passes sociais eram para fomentar o uso dos transportes públicos e que não tinham como objetivo que apenas os pobres pudessem andar nos transportes públicos enquanto os outros pudessem andar nos seus transportes individuais, há aí uma confusão conceptual”, ironizou.
O secretário-geral do PS disse recusar “a visão da direita de serviços públicos para pobres” e defendeu que a ambição deve ser “viver num país onde todos tenham igualdade de oportunidades” e prosseguir as reformas nos sistemas públicos de Saúde, Educação e Segurança Social.
“Só há um caminho para defender os direitos sociais e o Estado Social em Portugal, é torná-lo mais sustentável do ponto de vista financeiro e mais eficiente”, referiu.
“Perante qualquer problema só vejo a direita dizer que a culpa é do Estado. Pois a minha resposta é bem diferente, a minha resposta é que devemos prosseguir as reformas do Estado”, acrescentou.
O secretário-geral do PS pediu ao maior partido da oposição para se pronunciar de imediato sobre a moção de censura anunciada pelo BE, acusando os sociais-democratas de colocarem em causa o interesse nacional e questionando se é possível “confiar” naquele partido.
“Não haja enganos, porque o que está em causa é verdadeiramente grave e não há tempo a perder, o dever de quem se quiser manter do lado do interesse nacional é cortar desde já com esta aventura irresponsável e acabar desde já com qualquer dúvida ou com qualquer ambiguidade, cada dia que passa nesta incerteza é um golpe contra a confiança e um sinal de desprezo pelo esforço dos portugueses”, afirmou José Sócrates.
 “A pergunta que fica é esta, então agora o maior partido da oposição admite ir atrás da liderança da esquerda radical? Será que será que a sede do poder e o calculismo político já chegou a um ponto que permite que o maior partido da oposição não se aperceba de que lado está o interesse nacional?”, interrogou.
Para José Sócrates.
“Enquanto uns trabalham para defender o seu país, enquanto uns lutam e dão o seu melhor pelo país num momento de dificuldades, os partidos da oposição entretêm-se na Assembleia da República a discutir se é agora ou se é daqui a mais um bocado que lhes convém deitar por terra todo o esforço dos portugueses”, disse.
O líder do PS acusou o BE de se render ao “taticismo e radicalismo”, dizendo que aquele partido é movido pela “hostilidade ao PS, à Europa e até à recuperação da confiança na economia europeia e portuguesa”.
Em seguida, Sócrates ironizou sobre os que defendem que “é preciso ter tempo para pensar no assunto, e até que é preciso ver o texto, os considerandos” da moção de censura: “Então agora estamos nesta situação, o Governo cai ou não cai, o país entra ou não entra em crise política, por causa da habilidade que terão ou não terão os autores de uma moção de censura proveniente da extrema-esquerda”.
Sócrates estendeu o seu apelo à defesa do interesse nacional e à condenação dos que defendem a instabilidade política a todos os portugueses, afirmando que está em causa “a fronteira da responsabilidade”.
“Temos todos que fazer ouvir a nossa voz, denunciando a política do quanto pior melhor e a ânsia do poder a qualquer custo que tanto agita os círculos vários da oposição”, afirmou.
Sócrates considerou ainda que “não há nenhuma razão de interesse nacional para provocar agora instabilidade política”, dado que “o Orçamento está aprovado, o Governo está a executar as suas medidas, os resultados começam a aparecer, como aliás todas as instituições internacionais reconhecem e aplaudem”.
“O tempo é de concentração no trabalho e não de andar a criar crises artificiais por mera conveniência partidária”, insistiu.
Luís Amado afirmou hoje que as posições do BE e do PCP sobre política externa têm sido um dos principais fatores que impossibilitam o desenvolvimento de “qualquer plataforma de governo à esquerda”.
A posição de Luís Amado foi transmitida no painel sobre diplomacia durante o Fórum Novas Fronteiras – Defender Portugal.
Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, as posições neste campo dos partidos à esquerda do PS têm “limitado e condicionado muito as fórmulas governativas”.
“Portugal existe precisamente pela relação que tem com o mundo e essa sua relação com o mundo, na sua visão, é determinante e, infelizmente, o sistema partidário português tem condicionado muito as fórmulas governativas precisamente porque aí reside um princípio fundamental da estabilidade da nossa política externa e da credibilidade do país no sistema internacional”, afirmou Luís Amado.
Num debate onde foi moderador, Luís Amado sublinhou que “a política externa não é um assunto de menor na formação dos consensos e das políticas de governabilidade para o país”.
No mesmo painel, sobre diplomacia, o socialista Jaime Gama manifestou o seu otimismo quanto ao país “em termos de orientação, capacidade para definir prioridades e executá-las” apesar do contexto de dificuldades e advertiu que os resultados não serão imediatos.
“Apesar de conhecer o contexto das dificuldades, não posso deixar de estar otimista quanto ao país em termos de orientação, capacidade para definir prioridades e executá-las, otimismo moderado, mas certeza quanto ao resultado final”, afirmou.
Jaime Gama salientou que o resultado das opções que estão a ser tomadas “nunca poderá ser imediato” e “terá sempre de ser um resultado diferido e que passará muito pelo que é a capacidade no plano europeu de ajustar a União Europeia a funcionar de forma coesa, mais viva, mais consistente, no plano internacional”.
Referindo-se aos outros países europeus, Jaime Gama disse: “É isso que os outros fazem, os outros não desanimaram nem desanimam e, pelo contrário, mostram uma capacidade para tomar as medidas que se impõem”.