O PS organizou no passado sábado, na sede nacional, em Lisboa, um Fórum sobre migrações, matéria à qual a direita reage sistematicamente “com preconceito”, ao invés dos socialistas que, segundo João Torres, “respondem com solidariedade”, exigindo, ao que designou por “direita democrática”, o “dever moral” de não se deixar “contaminar pelo perigoso discurso da indiferença”.
Está na altura, “e já vem tarde”, de o líder do PSD esclarecer os portugueses “até onde está disposto a ir na relação com a extrema-direita”, neste como noutros pontos da política nacional, insistindo o dirigente socialista que não se pode confiar num partido que, “às segundas, quartas e sextas, defende o mesmo que a força mais reacionária do espetro político português, o Chega, e, depois, às terças, quintas e sábados, se mostra indignado por se sido confrontado com a lamentável deriva ideológica em que quis mergulhar”.
Para João Torres, é incompreensível que o principal partido da direita mantenha o mesmo discurso que o Chega sobre as soluções e as respostas que Portugal deve ter perante as migrações, apelando a Luís Montenegro para que esclareça de forma inequívoca os portugueses, face às suas últimas declarações sobre esta matéria, em que campo se situa o PSD, lembrando o Secretário-Geral Adjunto do PS que “somos uma sociedade inclusiva” e que com os socialistas “não haverá nunca falta de clareza ou hesitações” quanto ao lado em que o país se deve situar na questão das migrações.
Nesta sua intervenção, João Torres recusou o que chamou a “lupa utilitarista da direita”, recorrendo, a propósito, ao adágio popular de que “quem não quer ser lobo não lhe veste a pele”, lembrando ao líder da direita que a marca de água de Portugal, também nesta questão das migrações, sempre foi a de tratar com dignidade e solidariedade os emigrantes, o mesmo tratamento que “sempre exigiu a todos aos países de acolhimento para onde os portugueses optaram por emigrar”.
As críticas do Secretário-Geral Adjunto do PS dirigidas a Luís Montenegro não se ficaram, contudo, e apenas, pela questão das migrações, referindo e lamentando também a “atitude de permanente de conflito” que perpassa o discurso do PSD, e a “dose brutal de impreparação” daquele partido, “que está à vista de todos”, em matéria de “propostas políticas sérias”, mostrando “uma incapacidade de propositura séria e credível, que está a condenar o PSD a ser “o carro-vassoura dos partidos da oposição”.
Crítica que João Torres estendeu também à forma como o PSD reagiu, esta semana, “ao ambicioso conjunto de medidas sobre habitação”, que o Governo anunciou, e que se encontram já num processo de discussão pública, uma postura que, uma vez mais, veio provar de forma clara que o maior partido da oposição se mantém completamente alheado e divorciado dos “problemas concretos que as pessoas enfrentam”, lamentando que a direita, também nesta questão da habitação, defenda que “tudo deveria ficar na mesma”.