“Se nós vamos fazer um investimento brutal, como estamos a fazer na ferrovia, na infraestrutura, se nós vamos fazer um investimento brutal nos metros do Porto e de Lisboa e na CP, para a compra de material circulante, que isso tenha consequências na nossa economia”, afirmou Pedro Nuno Santos.
Falando na apresentação dos órgãos sociais do Centro de Competências Ferroviário (CCF), em Matosinhos, o ministro defendeu que Portugal deve beneficiar do “investimento de milhões na ferrovia”. “Sempre fomos ótimos a importar”, porém, “o que temos de fazer é produzir e vender”, sublinhou Pedro Nuno Santos.
O governante referiu-se, ainda, aos impactos negativos no ambiente que resultaram do desinvestimento nos transportes, nomeadamente ao nível da “emissão de gases com efeito de estufa”.
“Os transportes são os maiores contribuintes para a emissão de gases com efeito de estufa, e o que nós sabemos é que: se há meio de transporte no mundo que tenha esse problema resolvido – há muito tempo, aliás – é a ferrovia pesada e ligeira. Não há nenhum meio de transporte que se possa equiparar em termos de respeito e de conciliação com o ambiente”, afirmou.
Pedro Nuno Santos considerou, ainda, que é necessário realizar uma análise coletiva sobre os transportes ferroviários, visto que, segundo o governante, “o país não fez ainda a sua reflexão crítica sobre o que fez na ferrovia nas últimas décadas”, acrescentando que os desafios climáticos devem ser tidos, também, “como instrumento” de desenvolvimento.
O responsável pela pasta das Infraestruturas anunciou, na ocasião, que o concurso para a aquisição de 117 unidades automotoras elétricas, das quais 62 destinadas a serviços urbanos e 55 para serviços regionais, será lançado brevemente, sublinhando ser importante “que os concorrentes percebam que, para vender comboios a Portugal, vão ter que fazer uma grande parte cá e com empresas portuguesas”.
“Temos o direito, ambição e a capacidade de produzir cá, temos do melhor que há no mundo”, frisou Pedro Nuno Santos, os construtores vão ter “a capacidade de se estabelecer para fornecer Portugal, mas também usar Portugal como base para exportar para todo o mundo”.
Aposta na marca “Portugal”
O ministro das Infraestruturas salientou que o Centro de Competências Ferroviário vai permitir que as empresas e os operadores públicos consumam os produtos de origem portuguesa e fruto da inovação nacional, onde as parcerias entre a indústria e as universidades é fundamental.
Nesse sentido, concluiu Pedro Nuno Santos, o Centro de Competências Ferroviário vai apostar na formação, na incubação de empresas e fomentar a investigação no setor ferroviário.
A sessão contou também com as presenças do ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, do secretário de Estado adjunto e da economia, João Neves e do secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado.