Cumprindo a “tradição” de fazer, na qualidade de Presidente da Assembleia da República, uma “curta” e “descontraída” intervenção nas jornadas parlamentares do PS, Ferro Rodrigues começou por saudar todas as deputadas e todos os deputados do Partido Socialista presentes nas jornadas que decorrem hoje e amanhã em Caminha, assim como todos os funcionários e funcionárias do Grupo Parlamentar do PS, a sua presidente Ana Catarina Mendes, “que tem tido uma grande capacidade de mobilização”, e o Secretário-geral do partido e primeiro-ministro, o seu “velho – mais novo – amigo” António Costa.
Eduardo Ferro Rodrigues sublinhou o “momento de felicidade” por estar “entre amigos e camaradas”, lembrando que na sua função de presidente da Assembleia da República escolheu “uma certa solidão” que lhe permite “ter um diálogo franco e positivo com todos os grupos parlamentares e com todos os deputados”. “Mas custa-me muito, muitas vezes não poder estar mais tempo com os deputados e as deputadas do Partido Socialista e é, portanto, com muita alegria que hoje estou aqui para vos dar um grande abraço”, disse.
O parlamentar socialista lembrou a sua longa experiência de deputado, primeiro “sem nenhuma função”, depois coordenador de uma comissão pelo Grupo Parlamentar do PS, mais tarde vice-presidente da bancada do PS, depois vice-presidente da Assembleia da República, líder do grupo parlamentar e, agora, presidente da Assembleia da República.
“Já fiz praticamente tudo o que se pode e deve fazer na Assembleia da República e é graças a vocês, não posso esquecer, que há mais de 5 anos, vai fazer seis anos em outubro, exerço estas funções de Presidente da Assembleia da República”, assinalou.
“Não foi certamente por acaso que depois de uma primeira eleição muito difícil, em que foi toda a esquerda contra toda a direita que permitiu a minha eleição, a reeleição foi com uma margem bastante maior e, portanto, penetrando claramente nas bancadas do centro e da direita democrática”, recordou, salientando que isso lhe dá “alguma tranquilidade de espírito e cria também alguma exigência na maneira de estar na politica e no Parlamento”.
Ferro Rodrigues referiu depois “uma grande pena por aquilo que se passou no último ano e meio em Portugal, sobretudo pelos milhares de portugueses e portuguesas que foram vitimas desta horrível pandemia e as suas famílias”, fazendo questão de deixar uma “primeira palavra” para “aqueles que já não estão entre nós por causa dessa pandemia”, entre os quais alguns amigos e socialistas.
Gratidão aos trabalhadores do país pelo seu papel fundamental na resposta à pandemia
O presidente da Assembleia da República deixou também uma “palavra de gratidão” não só para os médicos e para as pessoas que trabalham nos serviços de saúde em Portugal”, mas também “para todos aqueles que permitiram que o país continuasse a funcionar” e que, “desde o principio e nos momentos mais difíceis, mantiveram a possibilidade de as pessoas se alimentarem, de terem transportes e comprarem aquilo que era absolutamente necessário”.
“Essas pessoas não podem nem devem ser esquecidas, os trabalhadores do nosso país que tiveram em todos os momentos um papel fundamental na resposta a esta pandemia”, realçou.
Ferro Rodrigues manifestou depois “alguma preocupação por aquilo que está a passar-se nestas semanas porque todos nós tínhamos a esperança que, ganhando a corrida das vacinas, a diminuição dos casos em Portugal seria quase automática”.
“Infelizmente, não foi isso que aconteceu, estas variantes não são como as das autoestradas, são variantes muito mais perigosas e, efetivamente, nós nunca sabemos que variante pode vir a seguir porque as letras são muitas em todos os alfabetos”, lamentou.
Por essa razão, para o presidente da Assembleia da República o mais importante é “continuar a apostar na vacinação”. “É preciso que a certificação da vacinação valha para muito, não é para valer qualquer coisa, é valer para muito, que faça a diferença entre aqueles que têm essa certificação e aqueles que não têm”, sublinhou, reforçando que é “fundamental continuar a vacinar e a ter certificados de vacina, e que o país perceba que, tendo estes certificados de vacina, as pessoas se movimentam e têm muito mais liberdade e capacidade para fazerem a sua vida normal”.
Na presença do primeiro-ministro e com uma reunião do Infarmed agendada para a próxima semana, Ferro Rodrigues aproveitou para apelar a que, por um lado, “se faça um balanço dos resultados práticos dos concelhos que estão mais severamente atingidos e ainda confinados” e, por outro, “haja capacidade de mostrar às pessoas que a vacinação é necessária”, frisando que, se não houvesse vacinas, o número de óbitos e de internamentos nos cuidados intensivos seria muito maior.
O deputado socialista e presidente da Assembleia da República aproveitou ainda para dar os parabéns ao Governo pela “extraordinária presidência portuguesa da União Europeia”, considerando que “é preciso ser-se muito sectário para não reconhecer aquilo que todos os dirigentes europeus reconhecem, que foi a qualidade e a capacidade de resposta da presidência portuguesa da União Europeia, e também o orgulho que temos enquanto deputados de termos participado na componente parlamentar dessa presidência”.
Por último, Eduardo Ferro Rodrigues propôs um “brinde antecipado” ao “momento de parabéns” de António Costa, que faz 60 anos no próximo sábado e que, lembrou, irá celebrá-los em Angola com o Presidente da República.