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Ferro Rodrigues evoca legado de Mário Soares para um Portugal democrático e europeu

Ferro Rodrigues evoca legado de Mário Soares para um Portugal democrático e europeu

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, evocou hoje o legado político de Mário Soares na opção europeia de Portugal, considerando que o antigo primeiro-ministro e chefe de Estado cumpriu o sonho de deixar um país democrático, europeu e aberto ao mundo.
Ferro Rodrigues evoca legado de Mário Soares para um Portugal democrático e europeu

Ferro Rodrigues falava na inauguração da exposição ‘Europeus – Portugal, a Europa e o mundo’, no Parlamento, integrada na presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e que foi comissariada pelo antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, embaixador Francisco Seixas da Costa, e pela professora universitária Fernanda Rollo.

Na presença da secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, de representantes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu, e dos presidentes das comissões parlamentares de Negócios Estrangeiros e de Assuntos Europeus, respetivamente Sérgio Sousa Pinto e Capoulas Santos, Eduardo Ferro Rodrigues destacou a ação do antigo primeiro-ministro e fundador do PS para a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia.

“Esta exposição percorre o período de 1945 até à atualidade – uma viagem em que se definiu o país que somos hoje – e Mário Soares, como não poderia deixar de ser, surge em grande destaque no leque das figuras mais emblemáticas de Portugal. Tal prova, como aliás tive a oportunidade de afirmar em 2017, no momento em que era conhecida a notícia da sua morte, que a dimensão do legado de Mário Soares era demasiado grande para não ser lembrada frequentemente”, sublinhou.

Também de acordo com Ferro Rodrigues, esta exposição estimula uma reflexão sobre as consequências das sucessivas crises que a Europa e Portugal têm atravessado, desde a dimensão financeira e orçamental, até às de caráter institucional, passando ainda pelas crises migratória, climática e pandémica provocada pela Covid-19.

“Convida-nos a refletir sobre os riscos da desintegração, as sombras que se vão fazendo notar um pouco por toda a Europa no que à democracia e Estado de Direito diz respeito”, salientou o presidente da Assembleia da República.

A mais importante decisão da política externa portuguesa no século XX

Tal como Ferro Rodrigues, também Francisco Seixas da Costa destacou o papel de Mário Soares, partindo da observação de que antes do 25 de Abril de 1974 era muito especial e significativo ter uma opção ideológica pela presença europeia de Portugal.

“Defender a Europa era defender a liberdade, a ligação ao mundo e o multilateralismo. Mário Soares teve uma premonição relativamente àquilo que era a base do nosso futuro. A adesão à Comunidade Económica Europeia foi a decisão mais importante da política externa portuguesa no século XX”, sustentou o diplomata, numa intervenção em que também evocou figuras políticas como Francisco Sá Carneiro e Medeiros Ferreira.

Recordando a sua experiência como secretário de Estados dos Assuntos Europeus, Seixas da Costa lembrou que os debates parlamentares que então se travavam sobre a questão europeia versavam muito “sobre a espuma dos dias e quase sempre ligados à conjuntura nacional”, assinalando que a responsabilização parlamentar começou a densificar-se com os tratados europeus “e com grandes debates europeus”.

“Vemos agora o papel que o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, tem hoje no quadro europeu e a importância que isso tem. Ora, tal faz parte da imagem da dignificação do país. O que está aqui é a mostra do que foi o nosso percurso desde 1945 – um percurso não acabado. Um custo da ‘não Europa’ seria, para um país como o nosso, um custo demasiado elevado”, salientou.

A abertura da exposição foi ainda marcada pelo pedido do presidente da Assembleia da República para um momento de silêncio em memória do antigo governante e dirigente socialista Jorge Coelho, falecido na quarta-feira.