Fase de mitigação entrou hoje em vigor em Portugal
Nesta fase, os doentes ligeiros vão passar a ser seguidos em casa, os moderados vão aos centros de saúde, os graves, mas não críticos, são encaminhados para os hospitais e os críticos são internados. A preparação dos hospitais e centros de saúde, que terão áreas dedicadas, está definida numa norma que estabelece o modelo de abordagem da pessoa com suspeita de infeção ou com infeção, durante a despistagem, o encaminhamento e o tratamento dos casos.
“Os doentes vão passar a ser seguidos sobretudo no domicílio. Essa é a regra”, explicou a diretora-geral da Saúde, referindo que “cerca de 80% dos doentes vão ter sintomatologia ligeira e conseguir ficar no domicílio, sendo acompanhados, obviamente, pelo seu médico e enfermeira e a saúde pública fará a sua parte para rastrear os contactos destes doentes”.
Graça Freitas socorreu-se de uma regra percentual “80-15-05” para explicar a divisão dos sintomas por doentes infetados. Além dos 80% de infetados que sentirão sintomas ligeiros, os outros 15% serão doentes com “sintomas um bocadinho mais graves” e que devem ir “ao seu centro de saúde”, onde estará colocada “sinalética e terá áreas dedicadas para as pessoas que tenham covid-19”, isolada de outros locais que tratarão as outras patologias.
Contudo, anunciou, haverá áreas geográficas com mais população que poderão escolher, entre as várias unidades de saúde, um centro de saúde para atender todos os doentes covid-19, em exclusividade.
O terceiro patamar de atendimento diz respeito aos 5%, estas com sintomas mais graves que devem ligar para a linha SNS24 [808242424] para depois serem “encaminhados para uma urgência hospitalar, para serem vistos por um médico e testados na altura”. “É esse médico que vai decidir se esses doentes vão seguir para o quarto patamar de intervenção que é o do internamento”, explicou Graça Freitas, acrescentando, porém, que “se o caso for muito grave pode haver necessidade de internamento direto da pessoa infetada através do CODU ou INEM”.
Nos hospitais com serviços de pediatria, poderá a reorganização dos serviços poderá ser readequada para dedicar unidades hospitalares exclusivamente ao tratamento de doentes com covid-19 em idade pediátrica, após ser esgotada a capacidade de resposta dos hospitais de referência.
Testes de despistagem
De acordo com a norma da DGS para a fase de mitigação, os testes de despistagem são realizados às pessoas com suspeita de infeção, isto é, que apresentam sintomas como febre, tosse persistente ou tosse crónica agravada e dificuldade respiratória.
Em caso de não ser possível testar toda a gente com suspeita de covid-19, a DGS define uma cadeia prioritária: primeiro, os doentes com critérios de internamento hospitalar; segundo, os recém-nascidos e as grávidas; terceiro, os profissionais de saúde com sintomas.
Seguem-se os doentes com comorbidades (como asmáticos, insuficientes cardíacos, diabéticos, doentes hepáticos ou renais crónicos, pessoas com doença pulmonar obstrutiva crónica e doentes com cancro) ou pessoas com imunidade mais frágil; e as pessoas em situação de maior vulnerabilidade, como residentes em lares ou que estão em unidades de convalescença. Por último, são testadas as pessoas em contacto próximo com estes doentes.
Segundo o Plano Nacional de Preparação e Resposta ao novo coronavírus, na fase de mitigação, as medidas de contenção da doença são insuficientes e a resposta é focada na mitigação dos efeitos da covid-19 e na diminuição da sua propagação, de forma a minimizar “a morbimortalidade [relação entre o número mortes provocadas por determinada doença, num dado local e num certo período de tempo], e/ou até ao surgimento de uma vacina ou novo tratamento eficaz”. A fase de mitigação é a última fase de resposta antes da fase de recuperação.
A pandemia do novo coronavírus provocou já, de acordo com os dados atualizados esta quinta-feira, 3.544 casos de infeção com Covid-19 em Portugal, registando 60 mortes associadas. De acordo com a Direção-Geral da Saúde, dos 22.257 casos já identificados como suspeitos no país, 16.568 deram resultado negativo e 2.145 aguardam resultado laboratorial. Existem ainda 14.994 pessoas sob contacto de vigilância pelas autoridades de saúde, sendo que 43 doentes já recuperaram.