Família socialista internacional homenageia legado de “um democrata com convicções”
O ex-presidente do Governo espanhol e ex-líder do PSOE, Felipe Gonzalez, recordou hoje na sede nacional do PS, em Lisboa, o amigo de mais de 40 anos, salientando que Mário Soares era “um democrata com convicções” que teve como “grande alegria na sua vida a revolução dos Cravos”.
“Mário tinha uma personalidade muito coerente desde o ponto de vista de lutador da liberdade e democracia e também de ser um lutador pela justiça social. Os tempos mudam, mas os princípios, as convicções e metas, permaneceram importantes”, afirmou Felipe Gonzalez.
O líder histórico do Partido Socialista espanhol lembrou o momento em que, com Mário Soares, assinaram em junho de 1985 a adesão ibérica à então CEE, considerando este como “um dos momentos mais belos”.
“Mário será uma referência para sempre. Pelo seu pensamento de uma grande riqueza intelectual, mas sobretudo pela sua coragem, pela sua coragem politica, a sua paixão pela liberdade e pela justiça social. Penso que é isso que o que o vai manter na memória de todos”, enalteceu.
Luis Ayala salienta exemplo inspirador de “um dos grandes”
Por seu turno, o secretário-geral da Internacional Socialista, Luis Ayala, também presente esta manhã na sede nacional do PS, evocou Mário Soares como “um dos grandes”, cujo “exemplo inspirou tanta gente por todo o mundo”.
“Vim, com muita emoção, despedir-me de um dos grandes da nossa família socialista mundial”, afirmou, depois de ter feito a sua inscrição num dos livros de condolências que se encontram no salão nobre do Largo do Rato.
“O seu compromisso com a democracia deixou uma marca para sempre na história europeia”, recordou.
Martin Schulz recorda “homem de convicções” fortes em Portugal e na Europa
O presidente do Parlamento Europeu foi outra das personalidades que prestaram homenagem a Soares na sede do PS, lembrando o histórico líder socialista português como um homem que “mudou apaixonadamente Portugal” e “um símbolo da luta contra o fascismo e a ditadura”.
“É certo que a morte de um homem como Mário Soares, que mudou apaixonadamente Portugal, muda muitas coisas. É uma perda considerável”, disse Martin Schulz.
Lembrou depois a forte ligação existente entre os dois partidos congéneres. “Nós, no SPD, somos muito ligados ao PS português”, assinalou Schulz, referindo ainda a curiosidade de pertencer à mesma “circunscrição alemã” em que foi fundado o PS em 1973, na cidade de Bad Munstereifel.
Do tempo em que Mário Soares foi deputado ao Parlamento Europeu, Schulz recordou as discussões sempre “muito difíceis” com uma personalidade de convicções fortes e que “insistia nas suas posições, mesmo que não fossem maioritárias”.
“Era um homem de convicções. Sempre admirei a sua capacidade de defender as suas posições. A sua capacidade de insistir nas suas posições, mesmo que não fossem populares, é admirável”, afirmou, enaltecendo o percurso político de Soares, em particular nos “momentos difíceis que se viveram na Europa”.
“Precisamos de uma frente combativa, que defenda ideias e que as defenda além das suas fronteiras como Mário Soares fazia”, salientou.