“Temos hoje a pior oposição do regime democrático, que está sentada na extrema-direita parlamentar, porque ela é antissistema democrático, tem discurso racista e xenófobo e quer levar o país para trás”, vincou o presidente do Grupo Parlamentar do PS durante a moção de censura do Chega ao Governo.
Lamentando que os social-democratas tenham anunciado que se vão abster, Eurico Brilhante Dias garantiu que o PSD perdeu “a melhor oportunidade para se distinguir de vez desta forma de fazer política”.
“A grande notícia hoje é que a extrema-direita parlamentar decidiu fazer uma espécie de cheque ao rei da oposição, usando uma ilustração do xadrez. E, por isso, a única coisa que os portugueses querem saber é se o PPD/PSD se distingue da extrema-direita parlamentar, ou se, envergonhadamente, se abstém”, ressalvou.
Dirigindo-se ao líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, Eurico Brilhante Dias lembrou quando, no passado, o seu partido “votou neste hemiciclo contra moções de censura em circunstâncias em que o país estava bastante pior”. “Não vale a pena esconder-se, hoje é a vossa oportunidade de votarem contra uma moção de censura da extrema-direita antissistema democrático que apenas quer não censurar o Governo, mas censurar vossas excelências”, disse.
O líder da bancada socialista fez, em seguida, o exercício de imaginar que a moção era aprovada e explicou que a discussão orçamental – que vai começar dentro de poucos dias – iria ser interrompida, o que significa que o salário mínimo não iria aumentar, nem o IRS e o valor dos passes iriam reduzir. Ora, “era uma moção de censura contra os portugueses”, asseverou.
Eurico Brilhante Dias fez uma “ilustração clara de como a oposição se posiciona politicamente”, começando pela Iniciativa Liberal, que é contra a moção, mas vota a favor. “Por isso, os portugueses em casa serão capazes de interpretar um partido que se contradiz no voto quando faz uma afirmação de oposição à oportunidade da moção de censura”, sublinhou.
Relativamente à extrema-direita, o presidente do Grupo Parlamentar do PS apostou que, “em setembro de 2024, estará aqui a apresentar outra moção de censura”, já que “é algo que repete” a cada sessão legislativa. “André Ventura estará aqui a dizer mais ou menos o mesmo: o PSD não se mexe, a Iniciativa Liberal não é suficiente e a salvação do país – veja bem – é a extrema-direita antissistema democrático com discurso racista e xenófobo”, ironizou.
Eurico Brilhante Dias notou ainda que a extrema-direita “voltou hoje, do púlpito, a falar de 1972”, ou seja, de um período anterior ao 25 de Abril. “Não conseguiram encontrar uma citação de Sá Carneiro de depois de 25 de Abril de 1974”, lamentou o líder parlamentar socialista, comentando que “é mesmo amor ao antigo regime”.