Europeias: Pedro Marques acusa Rangel de tentar apagar da memória discursos catastrofistas
O cabeça de lista do PS às eleições europeias, Pedro Marques, acusou hoje o seu adversário social-democrata Paulo Rangel de pretender apagar da memória afirmações contra o atual Governo prevendo que Portugal se sujeitaria a novo resgate.
Estas posições foram assumidas por Pedro Marques no discurso de encerramento da Convenção Europeia do PS, após ter sido anunciado pelo secretário-geral, António Costa, como cabeça de lista deste partido às eleições de 26 de maio próximo.
Pedro Marques, que em breve abandonará as funções de ministro do Planeamento e das Infraestruturas, anunciou que o diretor da sua candidatura será o presidente da Câmara de Mangualde, o socialista João Azevedo.
“O João Azevedo é bem representativo desta nova geração de autarcas que tanto honram o PS, vem do interior e sabe bem o que é o poder de uma autarquia para mudar a vida das pessoas”, justificou.
Na sua intervenção, Pedro Marques começou por considerar que o Governo de António Costa foi um exemplo na União Europeia em termos de conciliação de contas rigorosas e avanços sociais.
“Quando nem a Europa acreditava que conseguíamos, nós demonstrámos que este novo contrato social era possível. Foi possível em Portugal, tem de ser possível na Europa”, sustentou, antes de atacar o candidato do Partido Popular Europeu (PPE) (apoiado pelo PSD e CDS) à presidência da Comissão Europeia, o germânico Manfred Weber.
“Na mesma altura em que fazíamos esta mudança de políticas em Portugal, lutávamos na Europa para evitar sanções de Bruxelas a Portugal. Pois nesse momento, tivemos Manfred Weber, o candidato do PSD e do CDS à Comissão Europeia, como principal rosto da exigência de sanções contra Portugal”, apontou.
Neste contexto, Pedro Marques referiu-se depois à atuação do ex-presidente do PSD Pedro Passos Coelho e do cabeça de lista social-democrata às eleições europeias, Paulo Rangel, na oposição ao atual executivo, dizendo que Portugal teve “cassandras da direita a dificultar a tarefa, anunciando o Diabo”.
“Na onda de Passos Coelho, lá vinha Paulo Rangel, na Universidade de verão de 2016 do PSD, dizer que o futuro de Portugal é uma parede e que, inevitavelmente, seria conduzido a um novo resgate. Três anos passados, ontem mesmo [na sexta-feira], Manfred Weber esteve a passear, ali, do outro lado do rio, no Porto, com Paulo Rangel, a pedir o voto dos portugueses”, referiu o cabeça de lista socialista no final da convenção de Vila Nova de Gaia.
Para Pedro Marques, o PSD e o PPE, “há três anos, pediam sanções e punham em causa os esforços de Portugal para sair do procedimento por défices excessivos”.
“Agora vêm aqui pedir o voto dos portugueses. Eles não têm memória, não se querem lembrar do mal que fizeram. Mas nós lembramo-nos bem, e os portugueses não se esquecerão”, declarou.
O “número um” da lista manifestou-se preocupado com a atual situação da União Europeia, observando que está numa “encruzilhada em que é preciso escolher um só caminho”.
“Escolher entre a Europa dos populistas ou a Europa dos progressistas. Dos nacionalistas ou dos europeístas. Escolher entre uma Europa que exclui ou uma Europa que integra. Uma Europa de países mais ricos com cidadãos mais pobres; ou uma Europa com mais emprego e menos desigualdades”, sustentou.
De acordo com o cabeça de lista socialista, o PS “não tem dúvidas”.
“Somos progressistas e somos europeístas. Não queremos a Europa da Troika nem a Europa do ‘Brexit’. Queremos uma Europa unida, solidária, que não se fragmenta e não embarca em aventureirismos”, afirmou, aqui numa nota de demarcação face às forças políticas à sua esquerda.
“Quero daqui, de Vila Nova de Gaia, do norte do país, deixar o compromisso de que, nesta campanha, tudo farei para discutir as questões europeias com a maior profundidade possível. Espero que os meus adversários me acompanhem na tentativa de que as nossas discussões sejam elevadas, úteis e esclarecedoras”, declarou, num recado aos cabeças de lista das restantes forças políticas.
Pedro Marques disse aceitar combate político, “mas esse debate deve centrar-se em propostas e em ideias”.
“Os portugueses penalizarão os que escolherem o caminho do populismo e do bota-abaixo”, advertiu.