Rosário Gambôa, que intervinha no debate preparatório do Conselho Europeu com a participação do primeiro-ministro, lamentou que a guerra tenha regressado “ao coração da Europa”, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, quando os europeus tinham “a ilusão de que a barbárie tinha ficado desnudada na vergonha dos campos de extermínio”. E referiu que no Médio Oriente, entre Israel e o Hamas, se joga e decide “uma guerra antiga alavancada no ódio, no ressabiamento, onde narrativas identitárias e messiânicas fundam radicalismos inultrapassáveis”.
“Se as motivações nos confundem, os impactos sociais, políticos e económicos estão aí, são sistémicos e globais”, por isso é tempo de agir, asseverou.
Para a socialista, “a diplomacia é a arma que temos, a diplomacia é política, é negociação e única via capaz de trazer ao diálogo diferentes interesses, a arma capaz de travar os crimes que estão a ser cometidos”.
Questionando qual é o papel da Europa, Rosário Gambôa vincou que na reunião extraordinária do Conselho Europeu, ocorrida ontem, se “firmou, numa declaração, as traves-mestras da política europeia – o repúdio do ataque terrorista, o direito de defesa de Israel e a conformidade com o direito internacional, o sistema de coexistência de dois Estados a abrir o processo negocial”.
“A importância da definição de uma posição comum, uma linha de ação clara e unificada é o centro do desafio que coloca a afirmação da Europa como instituição política, um desafio que tem vindo a manifestar-se e que o momento presente tornou mais evidente”, defendeu.
A vice-presidente da bancada socialista assegurou, pois, que “ter uma posição clara e efetiva – e não diluída ou fragilizada em consensos longos –, uma posição célere, adequada à ponderação, mas também uma resposta em tempo é algo imprescindível no posicionamento de uma instituição que é um ator político a nível mundial”.