Europa deve agarrar oportunidade para retomar a confiança e enfrentar desafios comuns
António Costa considerou como “muito positiva” a cimeira informal de chefes de Estado e de Governo de 27 Estados-membros que hoje está a decorrer em Bratislava, considerando-a uma “boa oportunidade” para começar a vencer o que considerou ser um dos grandes problemas da União Europeia: a “desconfiança entre todos”.
Falando à entrada para o encontro, António Costa começou por considerar que o ponto de partida desta reunião é “realista” uma vez que a Europa, como salientou, por um lado “sabe que tem um problema” para o qual tem de encontrar as necessárias soluções com a saída do Reino Unido da União Europeia, e, por outro lado, tem igualmente de enfrentar e de responder a um conjunto de preocupações que inquietam as pessoas, designadamente a nível da segurança, da prosperidade e do emprego.
Dissipando dúvidas sobre eventuais conclusões definitivas que possam sair desta cimeira, o primeiro-ministro não deixou contudo de assinalar a importância desta reunião, lembrando que ela significa a vontade dos Estados-membros em se “manterem unidos” respondendo àquilo que são as necessidade dos cidadãos, considerando que o formato do encontro “até é propício a uma discussão construtiva”.
Para António Costa esta cimeira pode mesmo ser “um primeiro e importante passo” para que os líderes da União Europeia se convençam de que a Europa tem mesmo que enfrentar um conjunto de problemas, mencionando António Costa, nomeadamente, a “enorme fratura cultural e de desconfiança entre todos”, algo que se não for ultrapassado, como defendeu, “não conseguiremos construir nada em comum”.
Resolver os problemas práticos
Sustentando que a Europa tem de centrar a sua atenção não nas “discussões institucionais ou nas grandes revisões dos tratados”, mas em responder aos problemas práticos que afligem as pessoas, designadamente, como apontou o primeiro-ministro, às questões do crescimento e do emprego, não deixando contudo de constatar que uma das “grandes desilusões” é verificar que a Europa “não conseguiu contribuir positivamente para regular a globalização e para que houvesse um crescimento sustentado e gerador de emprego”.
Fundos comunitários são para manter
Falando sobre a eventualidade de a União Europeia poder suspender os fundos comunitários a Portugal no quadro do procedimento por défice excessivo, António Costa mostrou-se convicto de que tal não sucederá, reafirmando não encontrar “qualquer justificação para a sua concretização”.
Confirmando que o assunto está a ser discutido no Parlamento Europeu (PE), que encetará de seguida um diálogo com a Comissão Europeia, o primeiro-ministro referiu que os ecos que tem recebido “quer dos deputados portugueses, quer do presidente do PE” vão no sentido de a decisão final ir ao encontro da conclusão que a própria Comissão Europeia já tirou, e não deixou de relembrar o “enorme esforço” que o país e os portugueses fizeram e “continuam a fazer” para ter umas finanças públicas mais sólidas.
António Costa disse ainda que se havia “boas razões” para não aplicar a sanção na sua dimensão de multa, menos há agora qualquer justificação para que a Europa venha a aplicar uma penalização a Portugal em matéria de fundos comunitários.