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Eurico Brilhante Dias: “O primeiro-ministro quebrou um laço de confiança”

Eurico Brilhante Dias: “O primeiro-ministro quebrou um laço de confiança”

O secretário Nacional do PS Eurico Brilhante Dias deu uma entrevista ao semanário Sol, na qual defendeu que Passos Coelho, ao anunciar novas medidas de austeridade, “quebrou um laço de confiança”, e garantiu que o Partido Socialista “está sempre preparado para governar”.

Eurico Brilhante Dias começou por admitir que “era preferível não ter razões para chumbar” o Orçamento de Estado, uma vez que, “se ele tivesse uma repartição de sacrifícios justa, uma agenda para o crescimento e o emprego – que resolvesse o financiamento da economia e o apoio às empresas exportadoras -, se cumprisse o memorando sem intensificar a espiral recessiva, o PS não veria outra opção que não viabilizar o OE”.

“Na sexta-feira, com aquele anúncio de mais austeridade, o primeiro-ministro quebrou um laço de confiança”, defendeu o dirigente socialista, acrescentando que “é também uma parte do seu eleitorado que se sente profundamente enganada”.

Para o secretário nacional, os portugueses “sentem que Seguro estava certo quando pediu mais um ano de prazo e quando disse ser possível devolver um salário. E sentem que Seguro batalhou por uma agenda europeia e que ela hoje existe”. Sendo assim, “o PS está sempre preparado para ser Governo”, assegurou.

“O PS faz ponto de honra de ser a favor de reformas estruturais e quando falámos com a troika nunca dissemos que não somos a favor de reformas estruturais. O que se pede a um país moderno é que aumente a eficiência do Estado”, defende.

Eurico Brilhante Dias lembrou que, “no ano passado, o PS disse onde é que se devia mexer no OE. E cumpríamos o rácio um terço na receita e dois terços ao lado da despesa”.

O dirigente do PS sugeriu que “é possível reduzir os custos da dívida, com a ação do BCE. É possível diminuir os consumos intermédios. E admitimos uma diminuição progressiva dos funcionários públicos”.

O socialista alerta que as contas de Vítor Gaspar não batem certo. “Repare-se: o Governo diz que o défice fica nos 5% do PIB, em 2012, e para o ano nos 4,5%. Mas como é que pode precisar de 4,9 milhões de euros? O ajustamento de 5% para 4,5% (em 2013) é meio por cento do PIB, ou seja 850 milhões de euros. O Governo diz que precisa de mais 4 mil milhões. Porquê? Por causa da derrapagem brutal e por causa do cenário macroeconómico muito pior”, clarificou.

Revelou que lhe custa “que o mesmo Governo que há um ano teve um relatório do Banco de Portugal que dizia que as mexidas na Taxa Social Única não teriam um impacto na economia agora as aceite”.

Numa crítica ao Executivo, Eurico Brilhante Dias disse, ainda, que “é perigoso um país soberano ter uma aproximação do tipo: ou fazemos tudo o que a troika diz ou fecham-nos a torneira do dinheiro”.

“As decisões acontecem no Eurogrupo e no Conselho Europeu”, afirmou, acrescentando que o Governo “tem de levar a experiência da aplicação das medidas e esperar participar numa solução para sair da crise. Não nos podemos colocar num gueto e esperar a visita trimestral da troika”.