A presidente da bancada do PS, que discursava no jantar das jornadas parlamentares num hotel na Covilhã, lamentou que haja várias vozes que “querem fazer crer que ao Partido Socialista – a quem os portugueses atribuíram o mesmo número de mandatos que ao PSD – compete apenas suportar o Governo em nome de um bem maior que é a estabilidade”.
“Mas a estabilidade não é um bem em si mesma. A estabilidade política só é um bem quando vamos no caminho certo, a estabilidade política só é um bem quando é negociada e consensualizada, e não quando é imposta”, vincou.
Alexandra Leitão asseverou que “o Partido Socialista não abdicará das suas responsabilidades enquanto maior partido da oposição, garantindo a fiscalização do Governo e constituindo-se como aquilo que é – uma verdadeira alternativa democrática”.
De acordo com a líder parlamentar do PS, “mais do que afirmar-se contra as opções do Governo que considera erradas, o Partido Socialista tem tentado, na Assembleia da República, influenciar proactivamente a governação”. “E se isso puser em causa algumas das medidas do Governo, pois a culpa não é do Partido Socialista”, mas sim responsabilidade do voto dos portugueses.
Alexandra Leitão comentou que o atual contexto político é de “grande fragmentação parlamentar”, cabendo ao PS “a enorme responsabilidade de trazer para a agenda política os temas que verdadeiramente têm impacto na vida das pessoas”.
Ora, “o Partido Socialista sempre olhou para Portugal como um todo”, dando especial importância às políticas de coesão territorial para se “corrigir desequilíbrios entre litoral e interior”, sublinhou a presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Pelo contrário, “o atual Governo da AD parece não ter a coesão territorial como prioridade”. Alexandra Leitão apontou “a ausência de qualquer referência ao programa de valorização do interior no programa do Governo” e sustentou que “a falta de investimentos significativos nas infraestruturas do interior demonstra esse desinteresse flagrante”.
E deu um exemplo: “Na abolição das portagens nas ex-SCUT – que representa um alívio significativo e justo para as populações e empresas destas regiões – a crítica que é feita pelo Governo e pela AD não é por razões orçamentais, é mesmo porque a sua visão política negligencia o interior em favor com as áreas metropolitanas”.
A líder parlamentar socialista explicou, num recado dirigido ao Governo da AD, que “as políticas que beneficiam o interior não são apenas uma questão de justiça territorial, mas também de justiça social”. Por isso, “o PS continuará a lutar para que os recursos do Estado estejam ao serviço de políticas que promovam a igualdade e a coesão social”, assegurou.
Alexandra Leitão criticou ainda a atual governação, que não passa de um “conjunto de PowerPoints mais ou menos avulsos, em que se aplica aquela máxima que se costuma dizer que o que é original não é bom e o que é bom não é original”. Isto verificou-se “com a mudança do Governo para a Caixa Geral de Depósitos e a reforma da administração pública, que estava inteiramente feita e que agora é apresentada como um feito deste Governo”.
Quanto às medidas novas do executivo de Luís Montenegro que não são boas, a presidente da bancada do PS disse que “são várias medidas na área fiscal como o IRC, o IRS para pessoas com menos de 35 anos, que são opções que tiram milhões de euros da receita pública e que põem em causa o Estado social – e o Estado social é o SNS, é a escola pública, é a habitação pública, é a mobilidade”.