ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS
Não vale a pena referir os números apresentados pela Direção Geral da Saúde (DGS) nos últimos dias. Foram difundidos pelos diversos órgãos de comunicação social. São do conhecimento geral. Sublinho, contudo, a evidência de que são preocupantemente elevados em número de infetados e de mortos. Com o regresso às aulas presenciais, é inevitável que surjam novos surtos. E com a aproximação do período da gripe sazonal, é provável que a situação se agrave. Não se deve desvalorizar o impacto de tudo isto no SNS, na economia, na coesão territorial e social, nas nossas famílias, na vida de cada um, no nosso futuro coletivo.
“Está nas nossas mãos”. Depende de nós evitar o risco e reduzir o contágio. As regras são conhecidas: usar máscara, mesmo ao ar livre, em ruas movimentadas e sempre que o distanciamento pessoal não esteja garantido; lavar as mãos, continuar a lavar as mãos, tem de ser, mesmo que a pele já acuse fadiga; manter o afastamento físico adequado a cada situação (desejavelmente 2m); observar a etiqueta respiratória (usar um lenço e o cotovelo para não tossir, não espirrar, não atirar perdigotos para cima de terceiros); descarregar a aplicação Stayaway Covid que protege o anonimato e nos dá segurança (já descarreguei). Cumprir as regras nos diversos contextos: na escola, no local de trabalho, no espaço público, nos locais de descanso e lazer, em todo lado, sem precisarmos de que alguém nos chame a atenção ou as forças de segurança tenham de intervir. Não se pode colocar um polícia atrás de cada cidadão. A responsabilidade é individual. Responsabilidade de nos protegermos e de proteger os outros. Para quê correr riscos desnecessários? Se todos cumprirmos, vamos conseguir evitar sobressaltos e viver tranquilamente.
Compreendo que os jovens estejam cansados de normas e restrições e anseiem por mais liberdade. Quem não está? Também estou saturada de deixar os sapatos à porta de casa, desinfetar as mãos vezes sem conta, não estar com as pessoas de quem gosto, ter de prescindir de hábitos e prazeres. A responsabilidade é de todos e a dos jovens não é menor. Desde logo, a responsabilidade de não contagiarem os outros, incluindo pais e avós. E pensarem que uns meses nas suas vidas representam muito menos que na vida dos avós. Os jovens têm um grande futuro para ajudar a construir. Os avós têm um grande passado e pouco futuro, mas não querem abdicar dessa esperança.
Atrevo-me a recomendar o conselho de Nietzsche, “para ver alguma coisa é preciso despregar os olhos de si mesmo”. Pensar nos outros. Colocarmo-nos no lugar do Outro. Um por todos e todos por um. Não temos alternativa. Como disse o primeiro-ministro, “o custo social do confinamento foi brutal, o sofrimento pessoal de cada um foi enorme e a dor nas famílias foi grande. Temos de evitar passar por tudo isso outra vez. Desta vez, que ninguém tenha dúvidas: está nas mãos de cada um assegurar aquilo que é necessário”.