Esforço para coordenar acesso conjunto à vacina prova a mais valia da União Europeia
“Estamos a fazer todos um grande esforço para coordenar, de forma a que no mesmo dia, em todos os Estados-membros possamos iniciar o plano de vacinação. A Comissão fez um grande trabalho ao assegurar a compra conjunta”, disse António Costa aos jornalistas, à entrada do Palácio do Eliseu.
“A garantia de que todos os cidadãos da Europa vão ter simultaneamente acesso à vacina”, sublinhou, “é uma demonstração da mais valia da União Europeia”.
O líder do Governo português, que está esta quarta-feira na capital francesa para um almoço de trabalho com o Presidente Emmanuel Macron, indicou que a anunciada antecipação da aprovação da vacina pelas instâncias europeias, para dia 21 de dezembro, é uma “ótima notícia”, elogiando a atuação da Comissão em todo o processo.
“Produzir resultados é o mote” da presidência portuguesa
Já à saída do encontro, que teve como ponto de agenda a preparação da presidência portuguesa, António Costa começou por assinalar que o último Conselho Europeu “deu dois passos muitos importantes ao permitir um acordo sobre o próximo quadro financeiro plurianual e a aprovação do plano de recuperação e resiliência”, congratulando-se ainda com o compromisso alcançado entre os líderes europeus para uma redução de 50% das emissões de gases com efeitos de estufa até 2030.
“Agora é tempo de produzir os resultados e esse é o mote da nossa presidência, que se estrutura em três prioridades fundamentais”, acrescentou.
Tendo ao seu lado o Presidente francês, António Costa referiu, em primeiro lugar, a prioridade da recuperação económica, que se quer “justa, verde e digital, e que permita recuperar do dano económico e social dramático que a Covid tem provocado”. Por isto, assinalou, a conclusão da aprovação de todos os regulamentos do plano de recuperação e resiliência e dos diferentes planos nacionais “será a nossa primeira preocupação”.
A segunda prioridade, prosseguiu António Costa, será “o desenvolvimento do pilar dos direitos sociais na União Europeia”. “O nosso modelo social deve ser a base sobre a qual construímos a confiança, para que todos participem nos desafios da transição climática e da transição digital”, sublinhou, referindo que estes “são desafios que a Europa não pode adiar, mas que colocam problemas concretos ao futuro do trabalho e que exigem um grande investimento na formação, na requalificação profissional, na inovação, para que as empresas sejam mais competitivas, e no reforço da proteção social, para que ninguém seja deixado para trás”.
A terceira prioridade da presidência portuguesa, adiantou o líder do Governo, passa pelo “reforço da autonomia estratégica de uma Europa aberta ao mundo”.
“Temos de ter um debate profundo sobre as políticas industrial, comercial e de concorrência, ao mesmo tempo que devemos ter a visão de estreitar o nosso relacionamento com o continente africano, a nossa parceria com a Europa Oriental, e o diálogo com novos parceiros no quadro indo-pacífico, designadamente, a cimeira com a Índia, que é um parceiro fundamental da Europa nessa região”, concretizou, aludindo ainda ao início da nova administração norte-americana, sob a presidência de Joe Biden, para vaticinar que, “ juntos, a Europa e os EUA, ajudarão muito a alcançar os objetivos tão ambiciosos do tratado de Paris.
Dirigindo-se a Emmanuel Macron, saudando “a energia, a criatividade e o ânimo” que o Presidente francês tem imprimido ao projeto europeu, António Costa sublinhou que a França é “um pilar fundamental da União Europeia”, com o qual a Europa precisa de contar “a 100%” para ser “uma União forte”.
Por seu lado, o Presidente francês afirmou que a presidência portuguesa da União Europeia “acontece num momento extremamente importante da resposta europeia à crise, e para construir uma europa mais social, mais verde e mais soberana”.
“Temos de defender uma ambição social para a Europa”, completou Emmanuel Macron, saudando, em particular, a decisão do Governo português em organizar uma cimeira social no Porto.