Em declarações após participar num Conselho de Ministros da Educação da União Europeia, no Luxemburgo, João Costa explicou que os alunos “estão a ser integrados numa perspetiva de desenvolvimento das suas competências linguísticas”, sublinhando, ainda, a preocupação em “trabalhar muito as competências sociais e emocionais dos alunos”, pois “vêm num contexto de trauma, num contexto de guerra, e, portanto, a prioridade é promover o seu bem-estar, e a sua integração com os seus colegas”.
“Este é o objetivo principal neste momento neste contexto de invasão brutal que estamos a viver, e em que todos temos o dever de nos solidarizarmos com estes e com outros refugiados. E em Portugal, felizmente, temos uma experiência acumulada de receção de menores não acompanhados vindos de outras partes do mundo, o que nos ajuda a ter uma resposta já bastante estruturada”, disse.
O ministro explicou, por outro lado, que foi aplicado “um procedimento de simplificação de reconhecimento de habilitações”, realçando que há dois grupos distintos de alunos: “Temos crianças que pretendem – e estamos a trabalhar isso também com o governo ucraniano – continuar a acompanhar o currículo em ucraniano, e há uma disponibilização de serviços de educação à distância feito pelo governo ucraniano […]. E temos o [grupo de alunos] que estão a chegar às nossas escolas. Aquilo que temos de trabalhar é a compatibilização entre estas duas vontades”, apontou.
“Não obstante, estamos a ativar um mecanismo que já tinha sido criado para refugiados vindos em particular da Síria, que permite que alunos que chegam indocumentados sejam imediatamente integrados no sistema educativo, acompanhados nas escolas, preferencialmente com os grupos da sua idade, para estarem com novos amigos da sua faixa etária, independentemente dos papéis que trazem. E depois é a sua adequação ao currículo que se vai fazendo de forma progressiva”, disse João Costa.
Ainda em termos de celeridade, o governante referiu que estão a ser dispensadas “traduções oficiais dos documentos que vêm, para que a integração possa ser o mais rápida possível”.
“Estamos a trabalhar em conjunto com as escolas que recebem os alunos para poder dar uma resposta ágil, para que nenhuma criança fique fora do sistema”, concluiu.
Escolas como “oficinas de paz”
João Costa mencionou ainda que há “também uma preocupação com alunos russos que estão no sistema educativo português” e que, como vincou o governante, “não são responsáveis por aquilo que o Presidente do seu país promove”.
“E, portanto, também é preciso ter aqui as escolas como o laboratório de democracia e uma oficina de paz. Ou seja, se nas escolas não conseguirmos isso, não vamos conseguir em mais lado nenhum”, declarou o ministro da Educação.