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Episódio “lamentável” de aproveitamento político de uma tragédia deve servir de lição exemplar para todos

Episódio “lamentável” de aproveitamento político de uma tragédia deve servir de lição exemplar para todos

O primeiro-ministro, António Costa, considerou ontem que o episódio “lamentável” de especulação em torno do número de vítimas da tragédia de Pedrógão Grande, assim como o aproveitamento político que se tentou retirar da perda de vidas humanas, devem servir de lição para todos e para reforçar o respeito e confiança nas instituições do Estado.
Episódio “lamentável” de aproveitamento político de uma tragédia deve servir de lição exemplar para todos

“Considero lamentável este episódio, absolutamente excecional na história da vida democrática e espero que esta semana tenha servido de lição para toda a gente e todos passemos a respeitar quer as instituições do Estado, quer o rigor e a verdade que deve presidir ao debate democrático”, sublinhou o chefe do Governo, depois de ter reunido, em Carnaxide, com a Autoridade Nacional de Proteção Civil.

António Costa manifestou ainda satisfação pelo facto da decisão da Procuradoria-Geral da República em divulgar a lista nominal de vítimas mortais dos incêndios ter contribuído para por termo à especulação alimentada nos últimos dias, vindo confirmar o que as autoridades sempre tinham dito.

Aliás, frisou, “se havia alguém que tinha interesse em que rapidamente fosse divulgado o número das vítimas, para acabar com a especulação, era o Governo”, explicando que não cabe ao Executivo “desrespeitar as decisões das autoridades judiciárias, nem cometer o crime de violação do segredo de justiça”.

Chamando depois a atenção para a circunstância de que até ao dia 14 de julho, quando a investigação não tinha determinado segredo de justiça, ninguém veio solicitar qualquer lista de nomes, o primeiro-ministro assinalou que a polémica surgiu só “quando resolveram especular e acusar o Governo de estar a querer esconder o número de vítimas”.

Uma acusação que António Costa classificou como completamente disparatada. “Seria, aliás, das acusações mais parvas que eu já vi, porque como disse e bem o senhor Presidente da República ontem [terça-feira], só de facto numa ditadura é possível tentar esconder o número de vítimas”, enfatizou.

Confiar nas instituições do Estado

O chefe do Executivo aproveitou também a ocasião para clarificar que quem define “as causas da morte e a causalidade entre a morte e as ocorrências” não é o Governo, mas o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses.

“É boa altura também de, em vez de andarmos a especular com fontes não confirmadas, com listas com incorreções, nós confiemos nas instituições técnicas do Estado”, apelou.

Após uma reunião onde recolheu informações atualizadas sobre o combate aos incêndios de decorrem no país, António Costa pediu também “uma particular cautela” para que não se esteja sistematicamente a contribuir para a desmoralização dos bombeiros “com discussões laterais, com tentativas de aproveitamento político destas tragédias”.

“Estamos a discutir vidas humanas, residências de populações, estamos a falar de um valor imenso para o país que é a nossa floresta, temos que ter um comportamento especialmente responsável”, concluiu.