Desmentindo a insistente acusação da direita, o primeiro-ministro voltou esta tarde a desmontar a narrativa de que há em Portugal quatro milhões de pobres. O que existia, disse António Costa, sem deixar de admitir que o flagelo existe, são “quatro milhões de pobres antes das transferências sociais”, o que contribui para baixar a taxa de pobreza em 22%, defendendo que os números da direita “nem sequer têm em conta as pensões que são pagas”. As políticas do Governo do PS, acrescentou, contribuíram já para tirar “430 mil pessoas da pobreza desde 2015”.
Também a saúde mereceu uma particular referência, com o primeiro-ministro uma vez mais a lembrar que, desde 2015 até hoje, o orçamento do setor teve um “reforço como nunca tinha tido”, traduzido num investimento que “está próximo dos 13 mil milhões de euros”, ou seja, “mais 40% do que em 2015”. Voltou depois a garantir que o SNS aumentou o número de consultas e de cirurgias, tendo igualmente aumentado o número de profissionais no serviço público de saúde. Reconheceu, contudo, que não é apenas pondo mais dinheiro sobre a mesa que o problema da saúde se resolver, mas avançando, tal como o Governo fez, com reformas estruturais como a criação do estatuto do SNS.
Falou depois sobre a recuperação económica, uma evidência, como salientou, com a qual todos os analistas nacionais e internacionais estão de acordo, criticando a comparação que o PSD faz do desenvolvimento económico de Portugal com os países “que ainda estão a recuperar”, afirmando que a ambição de Portugal é “comparar-se com os países mais desenvolvidos”, lembrando que “estamos a reduzir distâncias” para as economias mais fortes, como a alemã, a francesa ou a espanhola.
Quanto ao combate à corrupção, o chefe do executivo mencionou que este é um fenómeno que se combate de “forma preventiva e de forma repressiva”, chamando a atenção para os mecanismos aprovados e executados pelo Governo e para a criação do mecanismo nacional de luta contra a corrupção, cuja liderança foi designada, como lembrou, por “proposta conjunta” do presidente do Tribunal de Contas e da Procuradora Geral da República.
Durante o debate, o primeiro-ministro fez também referência à ex-secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, reiterando que a sua posição, enquanto primeiro-ministro e líder do PS, sobre a atitude da ex-governante se mantém inalterável, de que estava “99.9% certo da ilegalidade da situação”. Sair do Governo e ir exercer funções numa empresa relativamente à qual agiu diretamente, disse ainda António Costa, “não corresponde de todo à ética republicana”.
Olhar para o PRR
Em relação ao PRR, o primeiro-ministro deixou a garantia de que no Governo, “mas também no PS”, a orientação é a de “virar a página” com o foco direcionado para “os mais relevantes desafios que se colocam ao país”, apontando, designadamente, para “uma boa e atempada execução”.
Cumprir e respeitar o que foi aprovado no âmbito do PRR, representa, para o líder do executivo, “uma das principais exigências” para que o ano de 2023 seja decisivo para o futuro do país.