Enganos diários
Mas nem vou por aí. Concentremo-nos e deixemo-nos levar pelo curto prazo. Pelas respostas para o imediato. Por mais que o PS aceitasse as políticas deste Governo (que não aceita), por mais que concordasse com a visão deste Governo (que não concorda), o PS nunca poderia pactuar com o actual estado do país. Nunca. O mínimo dos mínimos que se exige a um partido como o PS, é que lute por aquilo em que acredita.
Os dados são públicos e inequívocos. A economia caiu mais de 5% em 4 anos. O PIB real em 2014 está ao nível de 2001. O investimento está ao nível de 1986. As importações aceleram. As contas externas continuam desequilibradas. O investimento público e também o privado baixam significativamente. Não há, portanto, nenhuma transformação estrutural da economia. O PS, como sempre, defende o investimento e a modernização da economia, travando a austeridade e estimulando a procura. Por isso, as propostas mais recentes são: fundo de capitalização a benefício das empresas, financiado por reembolsos de fundos comunitários, fundos públicos e vistos gold; garantia da neutralidade fiscal entre capitais próprios e alheios; acesso privilegiado a fundos comunitários para empresas integradas em clusters ou pólos de competitividade; diversificação das aplicações do fundo de estabilização da segurança social, no sentido da reabilitação urbana; alargamento das verbas a fundo perdido cedidas a empresas; revisão de regras e limitações em matéria de acesso a verbas comunitárias.
Vivemos tempos difíceis. Difíceis e velozes onde todos querem respostas urgentes para o imediato. Para o curto-prazo. Para o que vai acontecendo. Mas falamos de um país (e da sua economia), onde o lema “arrumar a casa” para depois crescer, não funciona. Há uns meses, António Costa disse bem o que queria e como queria fazê-lo: pensar o país a 10 anos, a longo prazo, perspectivá-lo e construí-lo. Só assim chegaremos a algum lado, queria ele dizer. Não está a enganar ninguém, nem está enganado. Está a ser bem claro. Aliás, actualmente a questão fundamental nem é a de saber quem está enganado. É, por outro lado, a de saber quem é que anda a enganar o país. A resposta tem surgido diariamente.