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“Em Portugal não há crise política se não a criarem”

“Em Portugal não há crise política se não a criarem”

“Estão criadas todas as condições para que, tão rapidamente quanto o queiram, podermos ter um novo Governo que possa ser viabilizado na Assembleia da República, que ponha termo a este período de incerteza, de intranquilidade e que devolva estabilidade ao país”

Na sessão de abertura de um encontro com militantes no Porto, António Costa fez um discurso muito crítico sobre a “irresponsabilidade” e “imprudência” do primeiro-ministro e demais políticos com funções de alta responsabilidade “andarem a assustar os portugueses sobre as condições de estabilidade”.

“É por isso tempo de não se criar uma crise política artificial. Em Portugal, não há crise politica se não a criarem. Em Portugal, o que se verificou esta semana foi o normal funcionamento do regime democrático, no estrito cumprimento da Constituição e, eu até diria mais, do reencontro com a Constituição”, afirmou, apelando à necessidade de se retomar “a trajetória de normalidade constitucional”.

O secretário-geral socialista disse nunca imaginar ver políticos dos quais o PS diverge, “mas que exercem funções de alta responsabilidade no Estado português” – um deles sendo ainda primeiro-ministro, outro sendo ainda ministro dos Negócios Estrangeiros, outra sendo ministra das Finanças – a permitirem-se terem “a imprudência de andarem a assustar os portugueses sobre as condições de estabilidade”, e foi perentório: “mas que irresponsabilidade esta atuação”.

“Onde é preciso chegar para termos que ver que temos mais a agradecer a mensagem de tranquilidade e serenidade que transmite o ministro das Finanças alemão por contraste pelo que diz o Governo português aos mercados e à Europa”, ironizou.

“Aqui não se trata de trocar convicções por lugares no Governo, não se trata de tornar o que é irrevogável em revogável, para se passar de ministro a vice-primeiro-ministro, para dois anos até oferecer gentilmente o lugar de primeiro-ministro para ver se ao menos de mantém ministro. Não, isto não é assim”, disse, apontando diretamente a Paulo Portas.

O secretário-geral socialista garantiu que “ninguém está discutir a fusão dos partidos nem a identidade de cada um” de um dos partidos e deixou a pergunta: “será que é necessário pensarmos o mesmo sobre a NATO para nos entendermos sobre a urgência da atualização do salário mínimo nacional?”.

Apesar de ver muita gente a falar de acordos, na opinião de António Costa, não se está a pôr o essencial em cima da mesa, uma vez que isso passa pelo programa de Governo, que “é absolutamente compatível com todos os compromissos internacionais do estado português”.