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“Eleições antecipadas houve há um ano e os portugueses votaram de forma clara pela estabilidade”

“Eleições antecipadas houve há um ano e os portugueses votaram de forma clara pela estabilidade”

O Secretário-Geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, defendeu ontem, em entrevista transmitida pela RTP, que o tema “artificial” de eleições antecipadas, alimentado por uma “bolha mediática e política”, está fora da agenda da vida dos portugueses e que deve ser respeitada a vontade manifestada pelos eleitores.

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António Costa, entrevista à RTP

“Percebo que há aqui uma direita que não consegue suportar a ideia de que este mandato parlamentar se cumpra e que não são capazes de respeitar a vontade dos portugueses. E cria-se aqui um clima artificial para procurar colocar na agenda um tema que está fora da agenda da vida dos portugueses”, afirmou o líder socialista.

Lembrando que a Constituição diz “que os mandatos são de quatro anos” e que uma dissolução da Assembleia da República só deve acontecer “em situações muitíssimos excecionais, como aquelas que o Presidente da República entendeu existirem há um ano”, quando a proposta de Orçamento do Estado foi rejeitada no Parlamento, António Costa observou que o resultado dessa consulta aos portugueses foi uma maioria absoluta conferida ao PS, que traduziu a vontade dos eleitores “pela estabilidade para quatro anos”.

“Temos de nos habituar, primeiro, a respeitar a vontade dos cidadãos. E a vontade dos cidadãos foi muito clara”, observou.

“O que eles disseram foi que queriam estabilidade para quatro anos, queriam um Governo que pudesse começar, desenvolver o seu trabalho e ser avaliado no final do seu trabalho. É isso que devemos fazer, em primeiro lugar”, acrescentou o líder socialista.

Para António Costa, “há uma enorme distinção entre o debate daquilo que tenho designado a bolha mediática e um certo mundo político, e aquilo que é a vida do dia a dia dos cidadãos”.

“Os portugueses manifestamente não querem dissolução nenhuma. Os portugueses não querem que os políticos criem problemas. O que os portugueses querem é que os políticos resolvam problemas”, reforçou.

Para o Secretário-Geral do PS, com a guerra na Ucrânia, a inflação e a crise energética, a estabilidade é ainda mais importante hoje do que era há um ano.

“A minha agenda, a agenda do Governo, a agenda do PS é a agenda da vida dos portugueses”, garantiu.

PSD é incapaz de se demarcar do Chega

Na entrevista, António Costa lamentou também que o PSD insista em ter “um comportamento, uma atitude e um vocabulário” que “não correspondem àquilo que é um partido institucional”, não sendo capaz de se demarcar claramente do Chega.

O líder socialista apontou à evidência de que o presidente do PSD, Luís Montenegro, “quer manter uma situação equívoca”, ajustando a sua atuação política para “que se distinga pouco” o PSD para os eleitores do partido de André Ventura e fugindo a dizer o que se impunha ser dito perante os portugueses.

“Não disse o que era necessário dizer: não haverá nenhum acordo com o Chega”, realçou.

“O grande problema” que resulta desta ausência de clareza política, como observou António Costa, “não é a dimensão do Chega em si – que já é significativa –, mas é o que o Chega condiciona e determina a ação política da direita democrática”.

António Costa deu como exemplo ter havido “um vice-presidente do partido” – Paulo Rangel – “a dar uma conferência de imprensa pondo em causa a visita de um chefe de Estado de um país irmão como é o Brasil”, o que vem a par de uma “enorme degradação no debate político no vocabulário que hoje a direita vai utilizando”.

“Pior do que a situação equívoca, é que todo o posicionamento político do PSD, todo o tipo de discurso que o PSD vai tendo sobre as questões das migrações, sobre o funcionamento das instituições, o vocabulário que vai utilizando revela uma preocupação fundamental do doutor Montenegro, que é que se distinga pouco o PSD para os eleitores do Chega”, sustentou.

Para o Secretário-Geral do PS, este populismo é como “um vírus que se vai transmitindo”, uma espécie de “pandemia política”, contra o qual é preciso proteção e vacinação.

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