Edite Estrela, que intervinha na sessão de abertura da X Assembleia Parlamentar da CPLP, que se realizou na Guiné-Bissau e abordou o desenvolvimento sustentável nos países membros da CPLP no pós-Covid-19, deixou uma questão a todas as nações que pertencem à Comunidade: “Se conseguimos congregar esforços na defesa e na promoção da língua que nos une, no apoio à livre circulação de pessoas e de bens no grande espaço lusófono que é o nosso – que se estende de Timor-Leste ao Brasil –, entre tantas outras pontes comprovadas por 25 anos de CPLP, por que não cooperar mais no que ao nosso futuro coletivo diz respeito?”.
A parlamentar socialista, que chefiou a delegação portuguesa – que integra os deputados do PS Porfírio Silva, Elza Pais, Luís Testa e Romualda Fernandes – explicou que se trata de “cuidar do planeta de que todos dependemos, sem o que não será possível garantir a nossa própria sobrevivência”.
Estes desafios “carecem de uma abordagem holística – da emergência das alterações climáticas à perda de biodiversidade, passando pelos problemas da alimentação e da escassez de água –, sem o que não será possível chegarmos onde queremos chegar: a uma Comunidade de prosperidade, de progresso económico e social”, alertou.
“O mais difícil já conseguimos – sermos uma Comunidade de paz”, assegurou Edite Estrela, que acrescentou que “para os passos que se seguem, cabe um papel de enorme importância às nossas instituições, aos Parlamentos – as instituições democráticas com maior legitimidade e aquelas que estão em melhores condições para responder aos muitos e cada vez mais exigentes desafios com que os nossos cidadãos se confrontam”.
E deixou uma garantia: “Da nossa parte, Assembleia da República de Portugal, é total a disponibilidade para cooperar, agindo em prol de compromissos de longo prazo. Só assim poderemos ambicionar legar às gerações vindouras um planeta mais sustentável”.
Já no dia 8 de julho, a vice-presidente da Assembleia da República, acompanhada pelo Embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, José Rui Caroço, e pelo deputado Porfírio Silva, visitou alguns projetos da cooperação portuguesa, como a Casa dos Direitos – instalada numa antiga prisão, recuperada e adaptada em 2012 no quadro de um projeto cofinanciado pela Cooperação Portuguesa e pela Fundação Gulbenkian –, o Centro de Acolhimento da Associação dos Amigos da Criança – uma casa de acolhimento para crianças em situação de vulnerabilidade –, a Escola Lassana Cassamá – construída em 2014 pela Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) Afetos com Letras, e que tem 310 alunos desde o pré-escolar ao quinto ano de escolaridade –, o Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas, e ainda o Centro Cultural Português.
Moção de saudação pela reeleição de António Guterres aprovada por unanimidade
A delegação portuguesa à X Assembleia Parlamentar da CPLP apresentou uma moção de saudação a António Guterres pela sua reeleição como Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que foi aprovada por unanimidade e aclamação.
“A recondução de António Guterres não orgulha só Portugal, mas toda a comunidade lusófona, que já em 7 de abril de 2016, e através dos seus Parlamentos – reunidos em Brasília, na VI Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa –, expressou o seu apoio a António Guterres, lembrando que o antigo primeiro-ministro de Portugal e Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados sempre defendeu e promoveu os princípios e os valores da paz, da solidariedade e do desenvolvimento sustentável”, pode ler-se no documento.
Os deputados recordaram “a forma competente, rigorosa e empenhada como António Guterres exerceu o cargo de Secretário-Geral nos últimos cinco anos”, que foram “marcados por grandes tensões e pela mais grave crise pandémica da história recente, bem como a força da sua liderança, ancorada nos valores e princípios essenciais em que assenta a Organização das Nações Unidas”.
“Cinco anos volvidos, a Comunidade Lusófona, Povos e Nações reitera a sua firme convicção de que o multilateralista convicto e comprometido, e português orgulhoso – como se assumiu António Guterres na intervenção que proferiu após a sua reeleição – continuará a envidar esforços no sentido de tornar a Língua Portuguesa uma das línguas de trabalho da Organização das Nações Unidas”, frisaram os parlamentares.