Edite Estrela denuncia resultados “previamente definidos” nas legislativas da Bielorrússia
A deputada do PS Edite Estrela, membro efetivo da PACE, que integrou a comitiva, afirmou que a sua equipa de observação no fecho das urnas e contagem dos votos não teve acesso à maior parte da informação solicitada, designadamente, aos cadernos eleitorais e aos resultados de cada candidato.
Os resultados divulgados até ao momento pela comissão eleitoral mostram que os 110 lugares do Parlamento ficarão ocupados por ex-funcionários do Governo, diplomatas e membros de partidos apoiantes do Presidente Lukashenko, não tendo sido eleito nenhum deputado da oposição.
Num comunicado ontem divulgado, a líder da equipa de observadores da OSCE, Margareta Cederfelt, denunciou que as “eleições demonstraram uma total falta de respeito pelos compromissos democráticos”.
“A escolha dos sistemas político e eleitoral é uma decisão soberana da Bielorrússia. No entanto, a Bielorrússia é um membro da nossa família europeia e esperamos que todos os membros da nossa família sigam os padrões internacionais eleitorais”, asseverou.
Edite Estrela, que fez equipa com a deputada francesa Laurence Trastour, acompanhou o processo eleitoral em mesas de voto na capital, Minsk, em zonas rurais e na pequena cidade de Krupki. Segundo a socialista portuguesa, “a receção foi sempre simpática, exceto na mesa onde observámos o fecho das urnas e contagem dos votos, onde claramente não éramos esperadas nem desejadas”.
A parlamentar do PS explicou que, perante as suas “insistentes perguntas” sobre a contagem dos boletins separadamente, “a reação foi bastante agressiva”, não tendo sequer sido possível aceder aos cadernos eleitorais e aos resultados da votação antecipada e da votação ao domicílio cujos votos estavam guardados em urnas separadas.
“Ficou para mim claro que os resultados afixados foram previamente definidos, independentemente do que se passou na realidade”, reiterou.
Edite Estrela esclareceu que a possibilidade de voto antecipado (sem observadores internacionais) e do voto ao domicílio, “solicitado no próprio dia e recolhido por elementos da mesa de voto sem qualquer controlo”, contribuiu para aumentar a opacidade do processo.
“Como se isto não fosse suficiente, não há transparência no apuramento da votação no próprio dia”, lamentou.
A deputada do Partido Socialista ficou com a ideia de que “a afluência era muito baixa e, no entanto, os dados oficiais não correspondem à sua perceção baseada na realidade observada”.