O relatório ‘A luta pela igualdade de condições – acabar com a discriminação contra as mulheres no mundo do desporto’, apresentado pela socialista na Comissão da Igualdade da APCE, foi discutido numa audição em que estiveram presentes Irena Guidikova, chefe do Departamento de Direitos da Criança e Valores Desportivos da Direção-Geral da Democracia do Conselho da Europa (DGII), Sarah Townsend, co-presidente da Federação Europeia Desportiva de Gays e Lésbicas (EGLSF), e a refugiada afegã Nagin Ravand, treinadora de futebol, embaixadora da Federação Dinamarquesa de Futebol e ativista desportiva e de inclusão social.
Edite Estrela começou por asseverar que, “nas últimas décadas, o mundo do desporto foi-se abrindo gradualmente às mulheres, inclusive em disciplinas tradicionalmente reservadas aos homens”, tendo sido “feitos progressos consideráveis”. “No entanto, a igualdade de género ainda não foi alcançada”, lamentou.
A presidente da delegação da Assembleia da República à APCE alertou que “a discriminação e os estereótipos baseados no género continuam difundidos no mundo do desporto e influenciam a forma como os atletas são percecionados pela opinião pública”.
Edite Estrela deu exemplos: “São valorizados atributos reconhecidos como masculinos, como a força física, e os media tendem a reforçar esses estereótipos. Discursos destinados a humilhar as mulheres são particularmente comuns no campo do desporto. O discurso de ódio direcionado às mulheres atletas está muito presente, online e pessoalmente”.
“O mundo do desporto não está isento do fenómeno da violência contra mulheres e raparigas”, assinalou a também vice-presidente da Assembleia da República, que recordou que o movimento ‘Me Too’ surgiu nesta área.
Também a situação de atletas LGBTI merece atenção, por sofrerem “discriminação invisível e múltipla no mundo do desporto”, apontou. A socialista sublinhou que “o seu desempenho é constantemente questionado” e deu o exemplo de atletas LGBTI de origem africana, que “são particularmente estigmatizados”.
“Diferenças salariais, diferenças de status, menos atenção mediática, violência e ataques mostram que ainda há muito a ser feito para prevenir a discriminação e promover a participação das mulheres em toda a sua diversidade no desporto”, disse.
Estereótipos de género podem ser destrutivos
Assim, Edite Estrela recomendou o investimento “na educação para a igualdade de género”, algo “fundamental para alcançar uma mudança de mentalidade”. “Isto é acompanhado pela formação do corpo docente nestas questões e um investimento a longo prazo. Também deve ser dada formação aos treinadores desportivos para prevenir e combater o sexismo e os estereótipos de género, que podem ser destrutivos, e prevenir todas as formas de violência”, acrescentou.
A deputada do PS defendeu depois que “desportistas inspiradoras podem servir como modelos para as gerações mais jovens” e, por isso, apoia a “nomeação de embaixadoras para a igualdade no desporto, que levariam a cabo atividades de sensibilização nos meios de comunicação social e junto das jovens atletas”, e indicou o caso da treinadora Nagin Ravand, presente na reunião.
Edite Estrela disse ainda que “os homens têm um papel importante a desempenhar no combate à discriminação das mulheres, em toda a sua diversidade, no desporto. Eles podem agir quando veem a violência, apoiar as vítimas, denunciar a discriminação, promover a diversidade e apoiar as suas colegas. Eles podem ajudar a tornar o desporto seguro para todos”.
Edite Estrela, que foi eleita esta semana vice-presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, foi felicitada, através do Twitter, pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, telefonou à socialista para a felicitar pela eleição.