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"É preciso parar com esta política de austeridade e com o sofrimento dos portugueses"

"É preciso parar com esta política de austeridade e com o sofrimento dos portugueses"

O secretário-geral do PS acusou o Governo de esconder dos portugueses que se comprometeu junto da ‘troika’ a cortar 4,7 mil milhões no âmbito da reforma do Estado até 2014, em vez de 2015.

“Foi mais uma descoberta que o Governo escondeu dos portugueses: comprometeu-se a cortar 4,7 mil milhões e os portugueses só o sabem por este relatório do FMI.

Isto não é maneira de Governar”, disse o líder socialista, ontem na apresentação dos candidatos autárquicos socialistas no Montijo. 

António José Seguro lembrou que em 2012 o país foi “surpreendido” com um corte de quatro mil milhões, que era para ser feito até fevereiro de 2014, um mês depois de estar decidido. “Não fez o corte, disse que era para 2014 e 2015 e agora fomos surpreendidos com uma nova vinculação do Estado português. O Governo não falou com o PS sobre este assunto e não acredito que tenha falado com outros parceiros sociais ou com outros partidos”, frisou Seguro, acrescentando: “Cortes, connosco, não. É preciso parar com esta política de austeridade e com o sofrimento dos portugueses”. 

Quanto à possibilidade, para a qual o FMI alerta, de o rácio da dívida pública poder superar os 140% do PIB até 2014, caso ocorra uma combinação de choques adversos “plausíveis”, já que a margem de financiamento “não é ilimitada”, António José Seguro apontou a necessidade de o executivo de coligação PSD-CDS/PP liderado por Pedro Passos Coelho daí retirar ilações. “O relatório vem dar-nos razão e nós não queríamos ter razão. 

O Governo deve tirar conclusões e mudar a sua política. O Governo e os líderes europeus, todos têm que perceber que o país não sai da crise aplicando a mesma receita. Cada vez pede mais sacrifícios e as metas estão mais longe”, afirmou. Questionado sobre uma eventual saída do FMI, o líder do PS referiu ainda que o FMI está na 'troika' porque os lideres europeus foram “incapazes de resolver o problema sozinhos”. “A família política de Passos Coelho foi incapaz de resolver os problemas que surgiram, primeiro na Grécia e depois em outros países. O problema está na política”, afirmou. António José Seguro defendeu que a 'troika' “já vem tarde em reconhecer a fragilização do consenso político e social”, referindo que Passos Coelho e o líder do CDS/PP, Paulo Portas, devem analisar esse comentário. O secretário-geral do PS disse também que o Governo devia pagar os “3,2 mil milhões que deve às pequenas e médias empresas” e o subsídio aos funcionários públicos, deixando também uma mensagem para o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. “Fez uma intervenção em Estrasburgo, não conheço o conteúdo total, mas o que vi é aquilo que tenho dito. Não posso estar em desacordo se o Presidente da República repete em Estrasburgo aquilo que o líder do Partido Socialista tem dito. Gostaria era que fossemos consequentes com o que dizemos e isso significa agir”, concluiu.