O líder socialista regional falava no sábado, em Santa Cruz, no âmbito da IV Convenção dos Estados Gerais, subordinada ao tema ‘Economia de Futuro’, iniciativa que tem em vista o debate de ideias sobre os desafios económicos que se colocam à Região e, simultaneamente, recolher contributos para o programa eleitoral do partido.
Na ocasião, o presidente do PS/Madeira fez um diagnóstico da situação económica da Região, dando conta da forte dependência do turismo e da construção civil, setores que são ainda marcados pela precariedade laboral e pelos baixos salários, o que contribui para que a Madeira seja neste momento a região do país com o rendimento médio mais baixo.
“Para invertermos esta situação, temos de diversificar a nossa economia, apostar em novas áreas, como o setor do mar ou o digital, com políticas dirigidas a esses setores e ao tecido empresarial, que criem emprego qualificado e bem remunerado”, sustentou Sérgio Gonçalves.
O líder dos socialistas madeirenses defendeu igualmente a aposta nas qualificações, apontando como medidas a gratuitidade de toda a escolaridade obrigatória em termos de manuais, transportes e alimentação, assim como o reforço da dotação da Universidade da Madeira através do Orçamento Regional em três milhões de euros, “para que se resolva, de uma vez por todas, as questões de subfinanciamento da Universidade e as dificuldades que tem para formar as futuras gerações”.
A baixa fiscalidade foi outra das prioridades elencadas por Sérgio Gonçalves, defendendo a aplicação do diferencial de 30% em todos os impostos. Esta é já uma realidade em termos de IRC – não sem antes ter havido muita resistência por parte do atual Governo Regional e da maioria PSD-CDS, que rejeitaram as propostas do PS em 2019 e 2020 – mas é igualmente necessário que seja alargada a todos os escalões do IRS e ao IVA. Lembrou, a propósito, as recentes declarações do presidente da ACIF, que reivindicou mais apoios às empresas e considerou que a redução do IRS teria um efeito no aumento líquido dos salários, dado que, com menor tributação, os rendimentos dos trabalhadores no final do mês seriam superiores.
“É isso que defendemos, uma economia que aposte em novas áreas, que tenha impostos mais baixos e que permita também apostar na qualificação, para reter as pessoas na Madeira e deixarmos de ser uma economia com uma terra de emigração”, concretizou.
“A Democracia precisa sempre de alternativas”
O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, que foi um dos oradores convidados da IV Convenção dos Estados Gerais do PS/Madeira, considerou ser importante que haja a possibilidade de escolher, de forma clara, entre “alternativas dentro do espaço democrático”, advertindo que, “se falham as alternativas democráticas, evidentemente surgem as alternativas extremistas”.
Deu conta, por isso, da preocupação que tem tido em contrariar qualquer tentativa de demonização das alternativas democráticas.
“É preciso sempre valorizar muito as alternativas democráticas que existem aqui na Madeira, e felizmente existem, fazem um bom trabalho e estão empenhadas”, disse o responsável, apontando esta iniciativa promovida pelo PS como um exemplo disso mesmo.
Por outro lado, o presidente do CES abordou a situação económica e social do país, salientando o crescimento que a economia tem vindo a registar. Como referiu, entre 2000 e 2020 Portugal teve um crescimento “bastante baixo, muito aquém das nossas expetativas”, mas, nos últimos tempos, “há indícios de que estamos a ter um ritmo de crescimento maior”, sem deixar de apontar que um dos problemas que afetam o nosso crescimento é a produtividade, que está abaixo da média europeia.
Crescimento e sustentabilidade
Por seu turno, Bernardo Ivo Cruz focou a necessidade de uma resposta integrada que conjugue o crescimento económico com preocupações de responsabilidade social e sustentabilidade ambiental.
O secretário de Estado da Internacionalização retratou a evolução das condições económicas no século XXI e o debate sobre as alterações climáticas, aludindo à resposta que foi acordada pela União Europeia de reequilibrar, até 2050, as emissões de gases de estufa. Indicou que é obrigatória uma “transformação profunda da nossa economia, na forma de fazer negócio e de criar riqueza”.
Na sua opinião, o aumento de consciencialização sobre a temática resultou em cinco impactos, desde a própria ciência, a alterações legislativas, ao acesso a financiamento a projetos que se exigem serem sustentáveis, as opções dos consumidores e a capacidade de retenção dos trabalhadores e do talento.
Bernardo Ivo Cruz garantiu ainda que o Governo da República irá criar, até 2027, um mecanismo para apoiar as PME’s a se adaptarem a esta nova realidade marcada pela sustentabilidade empresarial e a responsabilidade social.