Direita andou 15 anos para trás com a qualificação dos portugueses
Para o titular da pasta do Trabalho, apesar de existiram algumas perspetivas comuns acerca das prioridades em matéria de educação, formação e qualificação profissional, há contudo “linhas de demarcação” sobre o que defende a esquerda e a direita, tendo apontado três divergências de fundo.
Do lado do atual Executivo, salientou, está por um lado, a defesa de um modelo universal e público dos ensinos básico e secundário, que é “contrário ao caminho defendido pela direita” que sustenta uma gradual privatização do sistema, e, por outro lado, a defesa do fim da experiência “desastrosa” de introdução do ensino dual, “criticado por todas as instituições internacionais” por ser “segregador e gerador de desigualdades sociais”.
A par destes aspetos, Vieira da Silva sublinhou ainda a importância que o Governo liderado pelo primeiro-ministro António Costa dá à qualificação de adultos, após o “irresponsável desmantelamento do Programa Novas Oportunidades”, levado a cabo pelo anterior Governo do PSD/CDS.
A este propósito o ministro Vieira da Silva lamentou que cerca de 55% dos portugueses ainda não tenham atingido o patamar da escolaridade mínima, e que cerca de 100 mil jovens cheguem ao mercado de trabalho “sem terem completado o 12º ano de escolaridade”, muito abaixo da média europeia.
Um panorama que é ainda agravado, como realçou, por ter aumentado nos últimos anos o número de jovens que “não estuda, não está em formação, nem trabalha”, a par do maior crescimento da emigração das últimas décadas de jovens qualificados.
As respostas necessárias
Frisando haver ainda grandes fraturas na sociedade portuguesa no que respeita às questões das qualificações, designadamente de natureza geracional, abandono escolar precoce e crescimento da emigração “sobretudo de jovens qualificados”, Vieira da Silva defende que para se poder enfrentar o “irresponsável desmantelamento” do Programa Novas Oportunidades, levado a cabo pelo anterior Executivo de direita, e encarar a baixa qualificação dos portugueses e os baixos níveis de aprendizagem ao longo da vida, é essencial encontrar “uma estratégia de qualificação”, não só para os jovens, mas também para os portugueses mais velhos, respostas que o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social garante estão plasmadas no Programa Nacional de Reforma que o Governo do PS apresentou recentemente ao país.
Reconhecendo que o atual Governo tem pela frente um “desafio complexo” e exigente, Vieira da Silva não deixou contudo de lamentar que PSD e CDS tivessem recolocado, no espaço de apenas uma legislatura, a educação de adultos e a qualificação dos portugueses ao nível de meados da década anterior.