Devemos confiar no futuro de Portugal!
Lisboa, 25 de agosto de 2015
Caras e Caros Amigos
Como ontem vos disse, a primeira razão porque considero decisivas as próximas eleições é que temos de vencer a depressão, a descrença, a resignação, um sentimento de decadência nacional, e reconstruirmos um sentimento de esperança coletiva no nosso futuro comum.
Temos boas razões para acreditar no nosso futuro comum. E nós, portugueses, somos mesmo o primeiro motivo de confiança em Portugal.
Porque havemos de descrer das nossas capacidades se, em qualquer parte do Mundo onde haja comunidades portuguesas, os portugueses são estimados, admirados, queridos?
Porque havemos de temer a globalização quando temos uma das poucas línguas globais, quando conseguimos como ninguém atualizar em fraterna amizade uma antiga história colonial, quando temos capacidades únicas de integração dos imigrantes que nos escolhem como destino, quando os Açores e a Madeira nos oferecem uma centralidade atlântica, quando o nosso litoral é uma porta natural da ligação da Europa ao Mundo e o nosso interior está próximo do coração do mercado ibérico?
Porque havemos de recear o desafio energético, quando temos um potencial extraordinário de produção de energia renovável?
Porque havemos de lamentar a falta de recursos quando temos 97% do nosso território – o Mar – por descobrir, quando temos um grande potencial turístico valorizado pela segurança, a qualidade ambiental, a dinâmica da oferta cultural e a diversidade da nossa gastronomia?
Porque havemos de nos resignar a que tudo isto seja apenas retórica?
Há 600 anos partimos à descoberta. É altura de descobrir e valorizar as Índias e Brasis que temos em nós. Consolidar uma visão estratégica e traduzi-la nas políticas que concretizem esta visão. Porque não havemos de ser todos capazes de fazer o que ao longo de vinte anos fez a comunidade científica? Porque não havemos de ser capazes de replicar os notáveis ganhos em saúde que o Serviço Nacional de Saúde nos proporcionou? Porque não havemos de ser capazes de fazer novos investimentos tão produtivos e transformadores como o Alqueva tem sido no Alentejo? Porque não havemos de ser capazes de nos transformarmos como fizeram o têxtil, o calçado, o agroalimentar, a metalomecânica em duas décadas?
Eu acho que somos capazes. Desde que tenhamos as políticas certas, temos boas razões para ter esperança e confiança no futuro.
Para isso, vos apresentei a Agenda para a Década, assente em 4 pilares: Valorizar os nossos recursos; Modernizar a atividade económica e o Estado; Investir no futuro, a cultura e a ciência; Reforçar a coesão social.
Para dar corpo à confiança no futuro precisamos de uma estratégia estabilizada e partilhada, que sirva de base à concertação entre parceiros sociais e a compromissos políticos alargados entre os diferentes agentes políticos.
Amanhã, quero falar-vos da primeira opção de fundo que temos de fazer sobre o nosso modelo de desenvolvimento: investir no conhecimento e na inovação ou resignarmo-nos à precariedade e ao empobrecimento?
Os meus cumprimentos cordiais,
António Costa
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