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Desigualdade tornou-se marca do nosso tempo

Desigualdade tornou-se marca do nosso tempo

António José Seguro considerou que a desigualdade se tornou a marca do presente, num discurso em que condenou a lógica dos mercados financeiros à solta e sem regras e a imoralidade dos paraísos fiscais.

O secretário-geral do PS sustentou que “a desigualdade tornou-se a marca do nosso tempo. Desigualdade na distribuição de riqueza, no acesso à justiça, saúde, educação e à proteção social”.

Depois, lançou um duro ataque à corrente neoliberal a nível mundial, dizendo que “falhou duas vezes”, quando esteve “na origem da crise” e quando esteve “na origem do aprofundamento dessa mesma crise”.

O também vice-presidente da Internacional Socialista contrapôs que, para os “progressistas”, a resposta passa “por um Estado forte e eficiente, um Estado social sustentável, com uma economia de mercado regulada, justa, transparente e com níveis de proteção social como garante de combate às desigualdades”.

“Uma sociedade que se orgulhe de não deixar ninguém para trás”, defendeu, antes de dizer que atualmente há um confronto com o neoliberalismo a nível nacional, regional e no plano global.

Para António José Seguro, no plano mundial assiste-se a uma globalização “que capturou a política, ou a uma política que se demitiu de conduzir o processo de globalização”.

“Os mercados estão à sua solta, não têm regras e é profundamente imoral que os trabalhadores paguem impostos dos seus salários e que os especuladores, sem contribuírem com nada para a criação de economia a nível mundial, se encontrem protegidos por paraísos fiscais. É imoral”, sublinhou, recebendo uma prolongada salva de palmas.

O secretário-geral do PS acusou a maioria conservadora que domina a Europa de estar a aplicar em Portugal e em outros Estados-membros “a receita do empobrecimento, do ajustamento económico e financeiro sem preocupações sociais, tendo em vista criar as condições para destruir o Estado social”.

“Para os ultraliberais, a resposta passa por menos Estado, por maior desregulação dos mercados e por menor proteção social. Querem um Estado mínimo em que cada pessoa seja entregue à sua sorte, tentam convencer que não há alternativa à austeridade, que não há alternativa à globalização sem regras, à baixa de salários e ao desemprego”, apontou.
Para António José Seguro, a filosofia desta corrente neoliberal considera mesmo que o desemprego e a pobreza são fenómenos “inevitáveis”.

“Esta receita ultraliberal provoca pobreza, dizima a classe média, cria uma nova classe de precários (em particular nos jovens) e exclui pessoas com menores rendimentos do acesso a cuidados de saúde, do acesso à educação e a uma proteção social mínima”, afirmou, antes de dar como exemplo o que se passa em Portugal.

“Portugal, que fez nas últimas décadas um esforço enorme na qualificação dos seus jovens, assiste agora com dor a uma nova vaga de emigração da geração mais qualificada de toda a nossa História”, explicou.