‘Der Spiegel’ destaca a receita do “socialista confiável” António Costa
O artigo recorda que quando António Costa chegou ao poder, em 2015, o clima social do país era marcado pelas exigências da ‘troica’, formada pelo Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia, em troca de um empréstimo de 78 mil milhões de euros.
“Desde então, Costa provou ser um dos poucos socialistas na União Europeia que conseguiu mitigar a austeridade, gerar crescimento e ainda atender às condições do Pacto de Estabilidade e Crescimento”, sublinha a ‘Der Spiegel’.
“O simpático ‘Senhor Costa’, com o seu governo de minoria socialista, tolerado pelos comunistas e pelos bloquistas, resistiu durante quatro anos – um feito que dificilmente alguém esperaria que ele atingisse”, refere a revista alemã, assinalando, comparativamente, que ao contrário do cenário de turbulência política vivido em Espanha nos últimos anos, o Governo português “concretizou um mandato bem-sucedido”.
Percorrendo alguns dos momentos mais marcantes da vida pública e política de António Costa, o artigo realça que a sua liderança “conseguiu recuperar a confiança dos portugueses”, com o crescimento da economia, desde 2016, a 2%, acima da média, apontando a um cenário privilegiado para a sua reeleição no dia 6 de outubro
“As suas hipóteses de ser escolhido são altas, com sondagens a indicarem 38% dos votos, mais do que os conseguidos há quatro anos”, refere, acrescentando que a única questão é perceber se chegará à maioria absoluta.
A ‘Der Spiegel’ compara também as ações de pré-campanha que foram levadas a cabo pelos dois principais partidos concorrentes em Portugal, destacando o périplo realizado pelo líder socialista ao longo da Estrada Nacional 2, durante o qual António Costa passou por várias localidades ao longo de 700 quilómetros.
“As pessoas tiveram oportunidade de partilhar as suas preocupações sem intermediários: escolas superlotadas, tribunais sobrecarregados e longos tempos de espera por consultas de especialistas”, assinala o texto, estabelecendo um contraste com a campanha do seu principal adversário.
“Rui Rio prefere apresentar-se em salas fechadas diante de um público selecionado. Embora o PSD tenha recebido o maior número de votos há quatro anos, não conseguiu formar governo, perdendo agora eleitorado”, destaca ainda o artigo.
Na sua análise desempenho económico de Portugal, a ‘Der Spiegel’ não deixa também de sublinhar o mérito do ministro das Finanças, Mário Centeno, lembrando que Wolfgang Schäuble (ministro das finanças alemão entre 2009 e 2017), que inicialmente encarava o colega com “desconfiança”, veio, depois, a designar Centeno como o “Ronaldo” do Eurogrupo.
É com base nesta segurança, aponta ainda a ‘Der Spiegel’, que António Costa garante que “se chegar uma crise internacional, o país agora está bem preparado”. E que embora tenha prometido um investimento de 10 mil milhões de euros na ferrovia, nas vias rodoviárias, em escolas e hospitais, este investimento será feito “sem aumentar o défice”.