Deputadas socialistas questionam Governo sobre o impacto da Covid-19 na vida das mulheres
Em duas perguntas dirigidas às ministras de Estado e da Presidência, e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, as parlamentares socialistas recordam que o secretário-geral das Nações Unidas considerou que “os impactos sociais e económicos da crise nas mulheres são muito preocupantes”, como demonstra o relatório da ONU sobre “o impacto da Covid-19 nas mulheres”.
“Aí se realça a quebra nos empregos remunerados, o trabalho de assistência não remunerado, sobretudo a cargo das mulheres, que aumentou exponencialmente em resultado do encerramento das escolas e do aumento das necessidades com a população idosa”, recordam as deputadas do PS, que fazem ainda notar que “quase 60% das mulheres em todo o mundo trabalham na economia informal, pelo que os seus rendimentos estão a diminuir, economizam menos e correm maior risco de cair em situação de pobreza”.
“O relatório mostra também que a pandemia pode aprofundar as desigualdades de género, com o aumento ou o silenciamento das situações de violência doméstica, sendo que muitas vítimas vivem agora em casa com o agressor com medo de pedir ajuda”, alertam ainda as parlamentares socialistas.
Também estudos recentes sobre trabalho e desigualdades em confinamento, perda de rendimentos e transição para o teletrabalho, realizados pelo Colabor–ISCTE, “dão conta de que as velhas assimetrias de género se reproduzem e aumentam no que diz respeito à distribuição do trabalho doméstico e de cuidado às crianças, havendo também mais mulheres que homens em assistência à família e em layoff”, recorda-se nas perguntas enviadas às ministras Mariana Vieira da Silva e Ana Mendes Godinho.
“Não podemos deixar de reconhecer o conjunto de medidas de apoio económico e social que, logo desde o inicio da pandemia, o Governo aprovou para proteger empregos, rendimentos das famílias e evitar a destruição das empresas”, ressalvam as deputadas do PS, que apontam, entre outros, os exemplos do regime excecional de faltas justificadas para trabalho motivadas por assistência à família, o apoio excecional de trabalhadores pelo encerramento de Escolas, os apoios à manutenção dos postos de trabalho em teletrabalho, assim como o apoio aos trabalhadores para ficarem com os filhos em casa e o regime de lay-off, entre muitas outras medidas.
As parlamentares do PS pretendem, assim, saber se “existem dados desagregados por sexo relativamente aos trabalhadores abrangidos pelas medidas adotadas pelos Governo para reduzir o impacto social e económico da crise pandémica, nomeadamente, trabalhadores/as em lay-off, em apoio para ficarem com os filhos e em teletrabalho”.
Em caso afirmativo, as deputadas do PS solicitam que a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social envie esses dados à Assembleia da República. Caso não existam, questionam se ” pensa o Governo integrar essa desagregação por sexo e quando”.